Ruy-Cavalcante

Intervalo Cristão

Esposas, sede submissas! Mas e o marido?

Por Ruy Cavalcante

Como cristão evangélico, estou familiarizado sobre o ensino a respeito da submissão que a esposa deve ao marido e sei que, quando observado dentro dos parâmetros das Escrituras, trata-se de uma atitude importante da esposa para com o mesmo (cf. Ef 5:22; Cl 3:18; Tt 2:5). Mas não é sobre o papel da esposa que gostaria de comentar, e sim sobre o outro lado da questão.

Isso porque vejo muitos irmãos ensinando sobre submissão, especialmente sobre a necessidade de a mulher se submeter ao marido, entretanto afirmo, sem medo de me equivocar, que a maioria dos que falam sobre o assunto (ou uma grande parcela deles) não entendem nada a respeito. Muitos deles acreditam realmente que suas esposas devem obedecê-los, ou algo parecido com isso, o que transforma seus ensinos em apenas uma reivindicação de seus “direitos de homem”.

Entendo sim que o marido é “o cabeça” da família e o grande responsável, diante de Deus, por ela. Mas é justamente neste ponto que se encontra a confusão na mente da maioria de nós, homens cristãos.

Ora, os mesmos textos que dizem para a esposa ser submissa ao marido, ordenam também que o marido ame sua esposa. Mas há um detalhe importantíssimo aqui: O marido deve amar a esposa, mas não amar de qualquer maneira e sim amar como Cristo amou (e ama) a Igreja!

“Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela”. (Ef 5:25 – Grifo meu)

O amor de Cristo pela igreja fez, dentre outras coisas, que Ele tomasse forma de servo, e de fato serviu a Igreja. Mais do que isso, ele a serviu com sua própria vida, não a tendo por mais preciosa que a Igreja. Resumindo, Cristo deu mais importância à Igreja do que a si mesmo (falo do Cristo homem). Não há medidas para o amor de Cristo pela Igreja, nem medidas, nem requisitos. Ele não veio e ficou dando ordens a ela, Ele veio, a amou e, por seu amor e sacrifício, a salvou.

Vejamos também o que diz o apóstolo Pedro:

“Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações”. (1Pe 3:7)

Observe que, falando sobre o papel do marido, Pedro declara que o mesmo deve ser sábio no convívio, o que implica, dentre outras coisas, não usar de direitos que acredita ter para proveito próprio, prejudicando a harmonia do lar. Diz ainda que o marido tem a obrigação de considerar a esposa como parte mais frágil, ou seja, é o sentimento dela que deve ser levado em maior grau de importância. Assim, ela me deve submissão enquanto eu devo considerar que são os desejos dela, e não os meus, que devem ser priorizados. Claro, quando estes desejos não afrontam a vontade revelada de Deus (não a simples vontade do marido).

A mulher é parte essencial e insubstituível na família, portanto não pode ter sua personalidade e existência suprimidas para que o marido se erga num pedestal, que só existe em sua própria cabeça egocêntrica.

Acredito que estes dois textos sejam suficientes para que se entenda o recado, mas se for o caso convido vocês a meditarem nos outros textos citados no início deste artigo.

Para resumir o que pretendo ensinar, afirmo que é fácil ser um marido que dá ordens à esposa, que exige dela submissão, mas não é disso que se trata o casamento.

Um marido que compreende o que Jesus e os apóstolos ensinam a respeito do tema, jamais agirá com sua esposa como um superior que “manda na família”, pelo contrário, um marido que ama sua esposa como cristo amou a Igreja irá servi-la, priorizá-la em suas necessidades, será terno e carinhoso e caminhará sempre com sabedoria, em busca da felicidade no casamento que todos sonham.

Não sou mulher, mas imagino como deve ser infeliz a vida de uma esposa submissa (conforme o entendimento bíblico da expressão), mas que vive ao lado de um marido que não compreende o que Deus espera dele.

Enfim, o casamento jamais será sem desentendimentos, mas quando cada um assume e cumpre seu papel, as chances de que ele dure para sempre, mesmo neste mundo pós-moderno, aumenta exponencialmente. Além do mais, é isso o que Deus quer de nós, homens, o que já é motivo suficiente para observarmos estas diretrizes.

No mais, no casamento não há lugar para que se deem ordens. Ali é o melhor lugar do mundo para amar, servir e perdoar. É ali que a vida cristã acontece em seu máximo esplendor, não no culto público, onde qualquer um pode forjar sentimentos que não existem.

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