Zambelli articula permanência no exterior para evitar prisão e mira a Itália como destino

Foto: Brenno Carvalho

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Deputada afirma estar nos EUA para tratamento de saúde, mas aliados apontam estratégia para escapar de eventual prisão determinada pelo STF

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, articula sua permanência fora do Brasil como forma de evitar o cumprimento da pena. Atualmente na Flórida, nos Estados Unidos, ela pretende seguir para a Itália nos próximos dias.

A movimentação ocorre mesmo diante de um pedido de prisão preventiva apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve ser analisado em breve pelo ministro Alexandre de Moraes. Nos bastidores, aliados da deputada avaliam que, mesmo com a eventual emissão de um mandado internacional, ela não corre risco de prisão imediata fora do país.

Aposta na não inclusão pela Interpol

O principal argumento da defesa é que a Interpol não deve aceitar o pedido de inclusão do nome de Zambelli na chamada “difusão vermelha” — o alerta internacional para foragidos da Justiça. O entendimento é baseado em decisões anteriores da organização, que recusou pedidos semelhantes contra nomes como Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, também investigados no Brasil e alvos de ordens judiciais.

Fontes ligadas à Polícia Federal explicam que a Interpol tende a rejeitar inserções que envolvam processos com possíveis conotações políticas, o que reforça a estratégia da deputada de seguir circulando no exterior.

Cidadania italiana e novo foco na Europa

Carla Zambelli tem cidadania italiana e, segundo interlocutores próximos, deve se estabelecer no país europeu nas próximas semanas. A expectativa é que ela tente ampliar sua atuação internacional contra decisões do STF, a exemplo do que já vem sendo feito por outros parlamentares da base bolsonarista nos Estados Unidos, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Em entrevista recente a uma rádio, a deputada afirmou que viajou aos EUA para tratamento de saúde e decidiu prolongar a estadia. Ela também revelou planos de visitar outros países da Europa e se reunir com autoridades locais para “mostrar o que está acontecendo no Brasil”, em referência às investigações em curso.

Condenação e afastamento

Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal em maio deste ano, após ser considerada culpada por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao lado do hacker Walter Delgatti. Além da pena de prisão, a parlamentar teve os direitos políticos suspensos e ficou inelegível por oito anos.

Mesmo com possibilidade de recorrer da decisão, a deputada optou por se licenciar do mandato na Câmara dos Deputados, alegando perseguição judicial.

Com informações O Globo

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