Portão fechado sem aviso, ausência da organização e presença da polícia marcam encerramento polêmico da feira que celebra 50 anos no Acre
“A gente vem pra trabalhar e sai com vontade de nunca mais voltar”. O desabafo do empresário Adilson Jacobowski, que cruzou o estado de Rondônia para participar da 50ª edição da Expoacre, resume o sentimento de dezenas de expositores que, na última noite da feira, foram surpreendidos com o fechamento antecipado dos portões de acesso ao espaço de carga e descarga de produtos — tudo sem qualquer aviso prévio.
Adilson é proprietário de uma indústria rondoniense que atua em vários municípios do Acre e já participou de edições anteriores da feira. Este ano, no entanto, a experiência foi marcada por frustração, constrangimento e indignação.
“Nós temos contrato. Pagamos por espaço, pagamos estacionamento. Cumprimos tudo à risca. Mas hoje, quando fomos entrar para descarregar, nos barraram sem aviso. Mudaram o horário de entrada de última hora e ninguém foi avisado.”
O empresário relata que os expositores costumam ter acesso ao espaço interno da feira até às 16h para realizar a logística dos produtos. No entanto, no dia três de agosto, o portão foi fechado às 15h. Adilson, que transportava cerca de 400 quilos de mercadoria, foi impedido de entrar com o veículo. Ele afirma que não recebeu o adesivo de estacionamento prometido, mesmo tendo feito diversas cobranças.
“Fiz contato, cobrei o adesivo, a credencial. Tenho as mensagens. E a única resposta que recebi foi: ‘vou ver se consigo’. A organização simplesmente ignorou.”
A situação, segundo o expositor, se agravou com a chegada de seguranças e, posteriormente, da Polícia Militar. Ele conta que foi tratado com rispidez até a chegada de um oficial que tentou contornar a tensão. Ainda assim, o sentimento de desrespeito permaneceu. “A gente não pediu nada além do que estava no contrato. A gente só queria descarregar, trabalhar. Mas fomos tratados como invasores. Chamaram a polícia, ameaçaram levar ao batalhão. Foi humilhante.”
Mesmo sem acesso ao espaço, Adilson presenciou veículos com adesivo entrando normalmente — e até carros não identificados sendo liberados. “Pra uns pode tudo. Pro pequeno, é o desprezo. E depois querem que a gente volte no ano que vem.”
A experiência traumática levou o empresário a reunir sua equipe ainda no evento para decidir se encerrariam antecipadamente a participação. Ele afirmou que, diante do ocorrido, pretende acionar oficialmente a organização da feira e não retornar ao evento nas próximas edições.
“Ninguém veio conversar. Nenhum representante da CDL ou governo do Estado. Só segurança. Só repressão. Isso é o que os pequenos recebem.”
O que diz o contrato?
Os expositores pagam pelos estandes e pelo uso do estacionamento interno, o que, segundo o empresário, garante direito à entrada de veículos até às 16h. A antecipação do fechamento para as 15h não foi comunicada. A falta de adesivos e credenciais, mesmo com cobrança formal, evidencia falhas na gestão operacional da feira.