“Vão jogar a gente no meio de facções rivais”, alerta morador do Papoco sobre remoção de famílias

Jardy Lopes

Foto: Jardy Lopes

Em discurso emocionado, o morador Eduardo Nonato de Freitas alertou para o risco de violência caso a Prefeitura insista na proposta de transferir as famílias para o bairro Rosa Linda, nas proximidades da Cidade do Povo.

Segundo ele, a decisão do município ignora a realidade de segurança da área para onde os moradores seriam enviados. “O maior medo da nossa comunidade é ser deslocada para os bairros como a Cidade do Povo, porque nós sabemos das realidades de facções. A facção que está ali no Papoco é diferente da facção que domina o outro lado. No primeiro dia haverá uma carnificina pior que houve no Rio de Janeiro. Vão tomar as casas da gente e matar o que tiver pra matar”, declarou.

A fala, que menciona a possibilidade de confronto entre facções rivais, foi recebida com preocupação pelos vereadores presentes, que se comprometeram a intermediar o diálogo entre a Prefeitura e a comunidade. “Querem tirar a gente de um lugar onde temos nossas casas e nossa história. Não somos contra melhorias, somos contra a retirada forçada”, completou Eduardo.

O caso do Papoco ganhou destaque após denúncias de que equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social teriam realizado um recadastramento alegando tratar-se de atualização de dados do CadÚnico, Bolsa Família e SUS, mas que depois teria sido usado como base para justificar a desocupação.

A comunidade, liderada por Gleiciane de Oliveira Luz e Wellington Pinheiro de Andrade, pede a intervenção do Ministério Público e reivindica infraestrutura, área de lazer e reforma da escola local — promessas que, segundo eles, foram feitas e nunca cumpridas.

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