Vacina 100% brasileira contra a covid entra na fase final de testes

Foto: Internet

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O Brasil está prestes a alcançar um marco inédito na ciência: uma vacina contra a covid desenvolvida totalmente em território nacional chega à fase final de estudos clínicos. Batizada de SpiN-TEC, a vacina foi criada pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed). O projeto recebeu investimento de R$ 140 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Finep e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Os resultados publicados no primeiro artigo científico sobre o imunizante indicam que ele é seguro e bem tolerado, com menos efeitos colaterais que a vacina da Pfizer, segundo o pesquisador e coordenador do CT-Vacinas, Ricardo Gazzinelli.

“Concluímos que a vacina é imunogênica, ou seja, capaz de induzir resposta imune em humanos. O estudo ampliado de segurança mostrou um perfil até melhor que o da vacina que usamos como referência”, explicou o pesquisador.

A SpiN-TEC utiliza uma tecnologia inovadora baseada na imunidade celular, que prepara o organismo para destruir apenas as células infectadas, reduzindo os danos ao corpo. Essa abordagem, segundo Gazzinelli, apresentou resistência maior às variantes do vírus nos ensaios com animais e nos dados preliminares em humanos.

A pesquisa brasileira já passou por duas fases de testes com voluntários. Na fase 1, participaram 36 pessoas, entre 18 e 54 anos, para avaliação de segurança em diferentes dosagens. A fase 2 envolveu 320 voluntários e confirmou a resposta imunológica. Agora, os pesquisadores aguardam autorização da Anvisa para iniciar a fase 3, com 5,3 mil participantes em todas as regiões do país.

Gazzinelli afirma que o avanço da SpiN-TEC representa um divisor de águas para a ciência nacional. “O Brasil tem um ecossistema de vacinas quase completo — pesquisa, fábricas e distribuição pelo SUS. Faltava apenas transformar o conhecimento das universidades em ensaios clínicos. Esta é a primeira vez que isso acontece com uma vacina idealizada aqui.”

A previsão é que, caso todas as etapas sejam concluídas com sucesso, a vacina esteja disponível ao público até o início de 2027, distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O CT-Vacinas, criado em 2016, é resultado da parceria entre a UFMG, a Fiocruz-Minas e o Parque Tecnológico de Belo Horizonte. Atualmente, o centro reúne cerca de 120 pesquisadores, técnicos e estudantes e trabalha também no desenvolvimento de vacinas contra malária, leishmaniose, chagas e monkeypox.

“Um dos grandes legados dessa trajetória é termos aprendido o caminho para levar uma vacina até a Anvisa. Isso abre portas para futuras inovações na área da saúde”, conclui o pesquisador. (Com informações da Agência Brasil)

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