No meio da poeira que levanta a cada corrida no Parque Gil Betão, o médico Paulo Vasconcelos carrega muito mais do que a rédea firme de um cavalo Quarto de Milha. Ele carrega uma história. Há 15 anos, a família dele atravessa estados para participar das vaquejadas no Acre — não apenas como competidores, mas como parte da cultura que pulsa na arena.
“Desde que meu pai começou, a gente nunca deixou de vir. Aqui fizemos amigos que viraram irmãos”, conta Paulo, emocionado ao lembrar do pai, falecido há oito anos. “As pessoas aqui tinham um carinho imenso por ele. Estar nesse lugar é reviver tudo isso.”
A família Vasconcelos, que integra o circuito da vaquejada com o conhecido Grupo Vasconcelos, é presença cativa nos eventos realizados na capital acreana. Eles vêm de Rondônia, mas têm raízes profundas fincadas no solo da tradição nordestina que se espalhou pelo Norte.
Nesta edição histórica da Expoacre, os cavalos do grupo voltaram a chamar atenção — não só pela performance, mas pelo valor de mercado. “Um cavalo bom, com linhagem e experiência em vaquejada, chega a valer R$ 100 mil, R$ 150 mil. Mas há opções mais acessíveis para quem está começando”, explicou Paulo.
A preferência é clara: a raça Quarto de Milha domina o cenário. “É o cavalo ideal pra vaquejada. Forte, veloz e resistente. Já tentaram outras raças, como o appaloosa, mas o Quarto de Milha ainda é o preferido.”
Mas, para quem sonha em começar, a recomendação de Paulo é pé no chão — e cavalo manso. “Vaqueiro novo precisa de cavalo velho. É ele quem vai ensinar, dar segurança. Depois, com experiência, você pode partir pra um mais potente”, aconselha.
Mais do que um esporte, a vaquejada é uma rede de afetos, empregos e identidade cultural. “A gente vem pra brincar, se divertir, encontrar os amigos. Mas também tem gente que vive disso. Muita gente no Norte hoje tem carteira assinada graças à vaquejada. Gera renda e movimenta o mercado.”
Mesmo sendo um esporte de origem nordestina, a vaquejada ganhou força no Acre. “Aqui ainda é mais difícil, falta apoio, mas todo ano aparece gente nova, querendo aprender. Aos poucos, vai se fortalecendo”, diz Paulo.
A arena, para ele, é também um lugar de memórias. “Estar aqui é especial. Sempre que tiver vaquejada no Acre, a gente vai estar. E, se Deus quiser, com saúde, estaremos sempre voltando.”