Torra que ensina e une: quando o café vira aprendizado coletivo no Projeto Tocantins

Foto: Portal Correio Online

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O Café da Nova Geração

A série especial O Café da Nova Geração, do Correio OnLine, chega ao terceiro capítulo. No Dia Internacional do Café, apresentamos a história de Patrick, o jovem que estreou no Qualicafé já entre os finalistas e mostrou como a juventude pode transformar o campo. No dia seguinte, foi a vez de Daniel, que trocou a pecuária pela cafeicultura e, na primeira safra, também alcançou reconhecimento no concurso.

Hoje, o olhar se volta para a comunidade onde os irmãos vivem: o Projeto Tocantins, em Porto Acre. Ali, o café ganhou um novo sentido com a realização de um curso de torra que reuniu vizinhos, produtores e famílias inteiras em torno de um aprendizado coletivo — provar, sentir e compreender que o café do Acre tem sabor, aroma e qualidade capazes de conquistar mercados exigentes.

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A torra seguia como espetáculo: brilho, aroma e sabor em construção. Mas, por trás da emoção, havia método. Como destacou o agrônomo Hadamés Wilson: “o curso de torra trabalha desde a seleção dos grãos até o processo de qualidade que garante um café especial. Mais do que isso, ensina o produtor a aguçar a sensibilidade do paladar, a identificar notas e aromas. O café do Acre lembra chocolate, frutas, sabores que vêm direto do nosso solo e do nosso clima”, explicou.

Para ele, o processo é também uma experiência visual e afetiva. “Acompanhar a seleção dos grãos, ver o brilho surgindo na torra, sentir o cheiro tomando conta do ambiente… é um aprendizado que emociona. Nossa munição é essa: um café de altíssima qualidade, pronto para encantar consumidores exigentes”, completou.

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Na visão de Patrick Souza da Silva, finalista do Qualicafé 2025, a vivência foi reveladora. “A gente planta, cuida, colhe, mas quando vê o grão torrando e aprende a sentir o gosto, entende que não é só café. É um produto especial, que tem valor e pode ganhar o mundo”, disse.

O irmão, Daniel Souza da Silva, reforça o sentido coletivo que a capacitação deixou. “Esse curso não é só pra nós, é pra toda a comunidade. O vizinho que aprende junto pode melhorar a produção dele, e a gente cresce como grupo. É conhecimento que fica aqui, no campo, e que dá mais força pro nosso café”, afirmou.

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Depois da torra, veio o momento de moer o café. O grão, ainda quente e perfumado, se transformava em pó diante dos olhos atentos dos participantes. Cada volta da lâmina revelava um novo cheiro, mais intenso, mais doce, como se a bebida estivesse se anunciando antes mesmo de chegar à xícara. Era o passo final de um aprendizado que uniu técnica e emoção.

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Para o agrônomo Hadamés Wilson, essa é a verdadeira força do café acreano. “O sabor não está só na bebida, está no encontro, na partilha, no sentimento de que cada grão carrega a história de uma comunidade inteira”, disse.

Patrick resumiu em poucas palavras o que aprendeu: “Quando a gente sente o gosto do que produziu, entende que nosso café tem valor de verdade”. E Daniel completou: “É mais que café, é futuro para todos nós”.

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