Foto: Leandro Chaves
“Depois das 7h35 da noite, a ordem é clara: não há ônibus para a Cadeia Velha.” A frase é do vereador Neném Almeida (MDB), durante sessão na Câmara Municipal de Rio Branco, na quarta-feira, 2, escancara uma realidade alarmante vivida por centenas de moradores do tradicional bairro de Rio Branco. Na prática, o que se estabelece é um toque de recolher imposto não por decreto, mas pela omissão do poder público.
Quem depende do transporte coletivo sente na pele a ausência do Estado. Após as 19h35, as linhas de ônibus simplesmente param de atender a Cadeia Velha. O passageiro é obrigado a descer no terminal ou em paradas mais próximas e completar o trajeto final a pé — muitas vezes no escuro, sem segurança e carregando sacolas, crianças ou apenas o medo nas mãos.
São mais de 3,6 km de caminhada até o final do bairro. “É como se a prefeitura dissesse: se virem, o problema é de vocês”, desabafou o vereador. A denúncia vai além do desconforto — ela toca em um ponto sensível: o risco. Sem transporte público, moradores estão mais expostos a assaltos, agressões e acidentes. A prefeitura, segundo Neném, lava as mãos.
“Se uma dona de casa sai do mercado à noite, ela tem que carregar a feira nas costas, como se fosse um burro de carga”, ironizou o parlamentar.