A crise na educação pública do Acre ganhou novos contornos na segunda-feira, 9, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC) tornar público um relatório técnico que escancara o abandono enfrentado por estudantes e professores em áreas rurais, com destaque para a comunidade Limoeiro, no município de Bujari.
Durante coletiva à imprensa realizada na sede do TCE, em Rio Branco, a presidente do órgão, Dulce Benício, relatou que o tribunal vem intensificando inspeções em escolas do interior e encontrou situações consideradas de alto risco sanitário, estrutural e administrativo. A conselheira Naluh Gouveia, presente na coletiva, foi categórica: “A situação é gravíssima”.
Entre os problemas identificados pelos auditores, estão poços com água imprópria para consumo, ausência de profissionais de apoio, professores assumindo funções de limpeza, e alunos participando de atividades que deveriam ser exclusivas da equipe de manutenção. Em uma das visitas, na região da Transacreana, foi encontrada água contaminada sendo usada dentro da escola.
Outro ponto crítico é a ausência de informações atualizadas nos sistemas oficiais de educação, como o Censo Escolar, o que compromete o repasse de recursos e a definição de políticas públicas. “Além do descaso com as condições físicas, há uma perda silenciosa de verbas por pura negligência administrativa”, destacou Gouveia.
A denúncia da situação no Limoeiro ganhou repercussão nacional no último domingo (8), após ser exibida no programa Fantástico, da TV Globo. O caso colocou o Acre sob os holofotes e pressionou órgãos de controle a reagirem.
O TCE informou que encaminhará o relatório ao Ministério Público com o objetivo de antecipar medidas corretivas. “Estamos tratando de crianças que estão sendo privadas do mínimo. Não dá mais para varrer essa realidade para debaixo do tapete”, afirmou Dulce Benício.