Estado aparece entre os últimos colocados em sustentabilidade social no Brasil, com dificuldades no acesso à saúde, renda, moradia e educação
O Acre é conhecido no mundo por sua floresta e seu compromisso com o meio ambiente. Mas quando o assunto é a qualidade de vida da população, a realidade ainda é de alerta. Segundo o Ranking de Sustentabilidade e Governança dos Estados, o Acre ocupa a 23ª colocação em sustentabilidade social, ficando entre os cinco piores estados do país nesse indicador.
O ranking é feito todos os anos pelo Centro de Liderança Pública (CLP) e avalia se os estados estão conseguindo oferecer condições mínimas de vida para sua população. Isso inclui renda, saúde, educação, moradia, segurança e combate à desigualdade social.
Além disso, no ranking geral de sustentabilidade e governança pública, que engloba os pilares ambiental, social e de governança (ESG), o Acre está na 22ª colocação.
O desempenho em ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável -, da Organizações das Nações Unidas, é um pouco melhor, com o Acre ocupando o 20º lugar, mas ainda distante das metas nacionais e internacionais de equidade.

O que significa estar mal em sustentabilidade social?
O termo mede o quanto um estado consegue cuidar de sua população. No caso do Acre, os dados mostram que muitas pessoas ainda vivem em situação de extrema vulnerabilidade, principalmente nas áreas rurais, ribeirinhas e indígenas.
Veja alguns dados:
Renda das famílias: Uma das mais baixas do Brasil. Muitas famílias vivem com menos de R$ 500 por mês por pessoa.
– Infraestrutura: embora tenha subido timidamente, o Estado continua com estradas vicinais em condições críticas, falhas no abastecimento energético em áreas isoladas e um sistema de transportes praticamente inexistente para escoamento da produção;
– Acesso à saúde: Em vários municípios do interior, a atenção básica funciona de forma irregular. Há regiões em que um único posto atende dezenas de comunidades;
– Moradia: Faltam casas em boas condições, saneamento e água tratada em mais da metade dos municípios acreanos;
– Educação: queda de duas posições. O estado sofre com defasagem no aprendizado, evasão escolar e infraestrutura precária em escolas públicas. Há municípios com escolas funcionando em prédios improvisados, sem acesso à internet ou bibliotecas. Além disso, o Estado apresenta altas taxas de analfabetismo, principalmente entre adultos e jovens que abandonam a escola para trabalhar;
– Segurança alimentar: O número de famílias em situação de fome aumentou nos últimos anos, segundo dados do CadÚnico;
– Solidez Fiscal: o Acre caiu três posições e aparece entre os piores estados nesse quesito. A arrecadação baixa, o endividamento crescente e a ausência de um plano fiscal de médio prazo colocam a sustentabilidade financeira do estado em xeque.

A falta de investimentos estratégicos, combinada à lentidão na execução orçamentária, evidencia um governo acuado, que administra problemas históricos com soluções paliativas.
No Acre, a fragilidade estrutural é evidente. A distribuição desigual dos serviços de saúde e educação, sobretudo nas zonas rurais e em comunidades ribeirinhas e indígenas, compromete os indicadores. A insegurança alimentar ainda afeta milhares de famílias em situação de pobreza extrema, e a falta de acesso à moradia digna continua sendo um gargalo histórico.
A má colocação no ranking de sustentabilidade social não é um detalhe técnico: ela mostra que o modelo de desenvolvimento do Acre ainda não está alcançando quem mais precisa.
Um crescimento que não alcança todos
O próprio ranking aponta contradições internas no desempenho do Acre. Enquanto o Estado conquistou a 8ª colocação nacional em gestão de ativos verdes, aparece entre os últimos quando o recorte é a realidade vivida pela população.
Essa distorção no modelo de desenvolvimento é preocupante, já que um estado que busca crescer com base em soluções sustentáveis precisa, antes de tudo, ser justo socialmente.
Enquanto se destaca na proteção ambiental, o Acre fracassa em garantir qualidade de vida para sua população mais pobre.

FATORES AVALIADOS NO LEVANTAMENTO
A pontuação da sustentabilidade social considera:
– Renda média domiciliar;
– Desigualdade de acesso a serviços públicos;
– Expectativa de vida;
– Cobertura da atenção básica à saúde;
– Taxas de analfabetismo;
– Saneamento e habitação;
– Violência doméstica e segurança pública.
Desafios comuns entre os estados da Região Norte
Quando se fala em sustentabilidade social, a Região Norte do Brasil ainda sofre para transformar seus avanços ambientais em qualidade de vida concreta para a população.
Apesar de concentrar a maior parte da biodiversidade do país, a Região Norte enfrenta deficiências históricas em políticas públicas estruturantes. Estados como Acre, Roraima e Amapá têm dificuldade em levar serviços de saúde, educação e saneamento até as populações do interior e das áreas indígenas e ribeirinhas.
Enquanto o Amazonas lidera na região com a 11ª colocação nacional, impulsionado pela Zona Franca de Manaus e avanços em governança e inovação, estados como Amapá (26ª) e Roraima (27ª) revelam uma crise estrutural. No Acre, a estagnação é mascarada por avanços localizados, mas que não representam mudança de rota.

Quais são os principais gargalos sociais na região?
1. Distâncias geográficas extremas que dificultam a presença do Estado em comunidades isoladas
2. Baixa infraestrutura de saneamento e moradia
3. Altos índices de analfabetismo e evasão escolar
4. Déficits graves na saúde básica, especialmente na zona rural
5. Altos níveis de insegurança alimentar
Caminhos para sair do rodapé do ranking
Especialistas defendem que o Norte precisa de um modelo de desenvolvimento que una preservação ambiental com justiça social. Isso inclui:
1. Programas voltados para combate à pobreza rural
2. Ampliação da cobertura de saúde e educação
3. Fomento à economia solidária e bioeconomia inclusiva
4. Fortalecimento da governança participativa em territórios tradicionais
“Dos sete estados da Região Norte, cinco estão entre os últimos do país em qualidade de vida, acesso à saúde e inclusão social.”
“Ranking nacional escancara desigualdades na Região Norte, onde avanços ambientais não se traduzem em bem-estar para a população.”
“Distantes dos centros de poder, estados do Norte amargam as piores posições em renda, moradia, educação e saúde.”
Comparativo entre os estados da Região Norte
Classificação no ranking geral de 2025:
Amazonas – 11ª posição
Tocantins – 15ª posição
Rondônia – 16ª posição
Pará – 21ª posição
Acre – 22ª posição
Amapá – 26ª posição
Roraima – 27ª posição
