Foto: Canal Rural
A ideia de um campo mais produtivo, moderno e capaz de garantir renda digna às famílias que sustentam a alimentação de Rio Branco voltou ao centro das discussões na Câmara Municipal. Uma emenda ao Projeto de Lei Complementar nº 19/2025 — que define o Plano Plurianual (PPA) de 2026 a 2029 — propõe inaugurar um novo ciclo para a agricultura da capital, alinhando sustentabilidade, tecnologia e assistência técnica contínua.
A proposta, aprovada por unanimidade na sessão da última quinta-feira, 4, é de autoria do vereador Felipe Tchê (PP) e parte de uma constatação antiga, mas ainda presente: o agricultor rio-branquense trabalha muito, mas enfrenta barreiras que o impedem de avançar. Falta mecanização, falta estrada, falta crédito, falta gente para orientar e acompanhar rotinas que mudam a cada ano. E quando o clima decide impor seus extremos — ora com estiagem prolongada, ora com chuvas imprevisíveis — o risco de perda aumenta e a renda desaparece.
É nesse contexto que nasce o programa “Produção Rural com Sustentabilidade e Inovação”, desenhado para romper o ciclo da improvisação e colocar o setor produtivo num novo patamar. O texto organiza as ações em três pilares: transição agroecológica, adoção de tecnologias inovadoras e formação contínua das famílias. Isso significa assistência técnica de verdade, não apenas visitas pontuais; incentivo ao uso de bioinsumos; manejo adequado de solo e água; energia renovável aplicada à pequena propriedade; e fortalecimento de espaços de venda — das feiras às cooperativas, passando por mercados institucionais.
A justificativa da emenda destaca que a agricultura familiar é responsável por grande parte dos alimentos que chegam à mesa dos moradores da capital. Mas, sem políticas permanentes, previsíveis e integradas, essa base produtiva segue vulnerável. A inclusão do programa no PPA garante justamente o que faltava: continuidade, metas e orçamento para que as ações não dependam de gestos isolados ou de boa vontade momentânea.
A inovação também aparece como eixo central. A proposta aproxima agricultores de universidades, centros de pesquisa e ferramentas tecnológicas que já transformam a agricultura em outros estados. Drones, sensores, georreferenciamento, análise de dados e práticas de agricultura de precisão deixam de ser tecnologias distantes e passam a compor o futuro possível da produção rural de Rio Branco.
Além disso, a emenda reconhece algo que os produtores já sentem na pele: as mudanças climáticas não são uma previsão — são o agora. Safras perdidas, estiagens severas e chuvas que não seguem mais qualquer padrão exigem novas estratégias para manter a produtividade e proteger o sustento das famílias rurais. O programa quer justamente criar condições para que o campo se torne mais resiliente, mais eficiente e mais preparado para enfrentar um cenário ambiental que mudou e seguirá mudando.
