Surto de SRAG escancara fragilidade do sistema de saúde no Acre

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O Acre enfrenta um cenário alarmante de aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que já provocou a decretação de situação de emergência em saúde pública pelo governo estadual. Até a 18ª semana epidemiológica de 2025, foram registradas 872 internações por SRAG, número que se aproxima do total de 2024 (920) e ultrapassa os registros de 2023 (669).

A situação tem como principal agravante a sobrecarga nos leitos de UTI pediátrica em Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Brasileia, onde estão concentrados os atendimentos mais graves. O Hospital da Criança, na capital, teve que ampliar sua capacidade para 70 leitos de UTI.

O avanço dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Acre não apenas pressiona a rede hospitalar, como também revela fragilidades estruturais antigas do sistema de saúde pública no estado. A superlotação de UTIs pediátricas, a escassez de profissionais e a dificuldade de resposta rápida evidenciam um cenário de vulnerabilidade diante de surtos previsíveis em períodos de maior circulação viral.

A crise atual, que atinge com força especial as crianças e os idosos, expõe a ausência de um planejamento robusto para emergências respiratórias — uma lacuna que se repete ano após ano, mas segue sem solução definitiva.

Segundo o mais recente boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no dia 23 de maio, o Acre está entre os 20 estados brasileiros em nível de alerta ou alto risco para a SRAG. A doença, que pode ser causada por diversos vírus respiratórios, tem afetado especialmente crianças de até 4 anos e idosos.

Atualmente, os principais vírus respiratórios em circulação no Acre são o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por 53,6% dos casos, seguido pela Influenza A, com 33,3%, e pelo rinovírus, com 14,6%. Também foram identificados casos de Covid-19 (SARS-CoV-2), representando 2,3%, e de Influenza B, com 0,9%. A prevalência desses agentes infecciosos ajuda a explicar o crescimento acelerado dos casos graves, sobretudo entre as crianças pequenas, mais vulneráveis a complicações respiratórias.

Medidas emergenciais

Com o decreto publicado no Diário Oficial, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) ganhou autorização para reorganizar os serviços, contratar profissionais de forma emergencial, reforçar os estoques de insumos e intensificar ações de vigilância. “A situação exige respostas rápidas. O aumento dos casos em crianças pequenas é especialmente preocupante”, destacou a secretária de Saúde, Paula Mariano, ao anunciar a medida.

Diante do agravamento do cenário, o governo estadual adotou uma série de medidas emergenciais para tentar conter o avanço da síndrome respiratória no Acre. Entre as principais ações estão a ampliação dos leitos de UTI infantil, especialmente em Rio Branco, o reforço no abastecimento de insumos hospitalares e a realização de contratações emergenciais para suprir a demanda por profissionais de saúde. Além disso, foi intensificada a vacinação contra a gripe e lançadas campanhas de conscientização para orientar a população sobre a importância das medidas preventivas, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o cuidado com sintomas respiratórios em crianças e idosos.

A Sesacre reforça a importância da vacinação contra a gripe — disponível nos postos para todas as faixas etárias — e da manutenção dos cuidados básicos: uso de máscaras em locais fechados, evitar aglomerações e higienizar as mãos com frequência. Crianças com sintomas como febre alta, tosse persistente e dificuldade de respirar devem ser levadas imediatamente ao serviço de saúde.

O que é SRAG?

A Síndrome Respiratória Aguda Grave é uma condição clínica causada por infecções virais que afetam os pulmões. Ela se manifesta por febre, tosse, dificuldade de respirar e, em casos graves, necessidade de internação. A doença é monitorada como indicador de surtos virais em todo o país.

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