Sicob defende protagonismo do produtor e alerta para desafios do médio agricultor no acesso ao crédito

Foto: Reprodução

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Durante o painel “Agro Brasil com crescimento sustentável: financiamento e mercado de capitais” no 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, Raphael Silva de Santana, gerente nacional de Agronegócios do Sicob, apresentou uma visão centrada no papel do cooperativismo de crédito como elo fundamental entre o mercado financeiro e o produtor rural.

Rafael ressaltou que, ao contrário dos grandes bancos, que reduzem a presença física, o Sicob mantém e expande sua rede de agências — hoje com mais de 4.400 unidades, sendo 3.200 voltadas ao crédito rural. “O produtor quer ser visitado na sua propriedade, quer ser ouvido. A presença física continua sendo estratégica”, afirmou.

Segundo ele, o cooperativismo chega a mais de 200 municípios onde não há nenhum outro banco presente, garantindo acesso ao crédito e mantendo o protagonismo nas mãos do produtor brasileiro. Rafael defendeu que o mercado de capitais avance como complemento, mas sem substituir o crédito rural subsidiado, essencial para pequenos agricultores e para a proteção do produtor médio.

O representante do Sicob alertou para um “vazio” no financiamento: o médio produtor — que não é pequeno agricultor, mas também não tem a força de barganha dos grandes — acaba sem acesso adequado às linhas públicas e enfrenta taxas mais altas no mercado privado. “O crédito rural oficial não deve ser abandonado. Ele precisa ser potencializado e melhor distribuído”, disse, criticando a má alocação orçamentária que faz sobrar recursos em alguns setores e faltar em outros.

Outro ponto levantado foi a sensibilidade da precificação para determinadas cadeias produtivas. Como exemplo, Rafael citou a Aurora Alimentos, que precisou de ajustes internos para financiar a expansão de aviários devido ao custo do crédito, mesmo nas linhas subsidiadas.

Ele também apontou entraves como a rigidez de contratos no mercado de capitais, que não oferecem a mesma flexibilidade para prorrogar prazos em caso de problemas na safra. “O produtor precisa de segurança e de alternativas viáveis de financiamento. É nesse equilíbrio que o cooperativismo pode fazer a ponte entre o campo e o mercado financeiro”, concluiu.

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