Sérgio Gonçalves pede melhorias na alfândega de Assis Brasil para fortalecer integração regional

Foto: Assessoria

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A cidade de Assis Brasil, no extremo Sul do Acre, voltou ao centro do debate sobre integração regional e comércio exterior. Na tarde de sexta-feira, 8, durante evento com o presidente Lula em Rondônia, o vice-governador Sérgio Gonçalves fez um apelo direto ao Governo Federal: melhorar a infraestrutura da alfândega no município acreano, considerada “precária” e incapaz de atender à demanda de exportações.

A declaração, feita diante de ministros, parlamentares e lideranças do setor produtivo, apontou Assis Brasil como ponto estratégico para abrir de vez as fronteiras econômicas entre Brasil, Bolívia e Peru. “Hoje, o serviço da alfândega é muito precário e acaba sendo um impeditivo para avançar nas exportações”, afirmou o vice-governador, destacando que o entrave afeta diretamente o escoamento de produtos agrícolas, industriais e extrativistas da região amazônica.

A fala ganha ainda mais peso pelo contraste político. Na manhã do mesmo dia, Lula esteve em Rio Branco, capital acreana, mas o governo não trouxe o tema à mesa. Enquanto Rondônia fez cobranças públicas por avanços logísticos e integração internacional, a recepção acreana limitou-se a um discurso protocolar, sem pressões estratégicas para destravar gargalos históricos da produção e do comércio exterior.

Mais do que um posto de fronteira

Assis Brasil é parte da rota bioceânica que pretende ligar o Brasil aos portos do Pacífico. A cidade é porta de entrada para a Rodovia Interoceânica, que conecta o Acre ao Peru via Bolívia. Porém, sem infraestrutura aduaneira moderna, a travessia se torna um processo lento, burocrático e pouco atrativo para operações de exportação.

O vice-governador de Rondônia, Sérgio Gonçalves, aproveitou o discurso para ampliar as cobranças ao Governo Federal sobre outros pontos logísticos considerados estratégicos para a região. Ele destacou a necessidade de estabelecer uma conexão em Costa Marques (RO) com a Bolívia, abrindo uma nova porta de integração econômica, e defendeu a conclusão da ponte binacional de Guajará-Mirim, acompanhada de obras complementares.

Gonçalves também citou a ferrovia bioceânica, projeto que já desperta o interesse de empresas chinesas, como alternativa de longo prazo para o escoamento da produção. Entre as demandas, ressaltou ainda a pavimentação da BR-319, essencial para ligar Rondônia ao Amazonas por via terrestre, e alertou para a vulnerabilidade da hidrovia do Madeira, atualmente a única ligação plena com o Amazonas, mas que, durante o período de seca, sofre paralisações de até três meses, comprometendo o transporte e prejudicando o setor produtivo.

O que está em jogo

Para o setor produtivo, uma alfândega eficiente em Assis Brasil significaria abrir caminho para novas rotas de exportação, atrair investimentos e impulsionar a economia de toda a Amazônia Ocidental. Sem isso, produtores seguem reféns de poucas alternativas logísticas e de altos custos operacionais.

“Somente com infraestrutura adequada e um setor empresarial forte vamos oferecer verdadeira distribuição de renda e qualidade de vida à nossa população”, concluiu o vice-governador.

Enquanto Rondônia pressiona por soluções, o Acre permanece calado sobre um problema que atinge diretamente seu território — e que pode definir seu papel nas rotas comerciais do futuro.

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