Foto: Arquivo Pessoal/comunidade local
Crime ambiental com endereço certo e sobrenome conhecido: uma denúncia grave aponta que o secretário-adjunto de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia, Gilmar Oliveira de Lima, articulou pessoalmente a venda de um lote situado dentro de uma Unidade de Conservação para a própria esposa.
Segundo apuração do portal ClimaInfo, a negociação envolveu uma área da Reserva Extrativista Jaci-Paraná — uma das mais degradadas do estado — e levanta sérios indícios de conflito de interesses, favorecimento pessoal e ilegalidade ambiental. A terra, localizada em área federal com proteção legal, foi transferida para o nome da esposa do secretário por meio de um processo obscuro, com intermediação direta de Gilmar Lima.
A venda de terras em unidades de conservação é proibida por lei, e qualquer ocupação só pode ocorrer sob normas específicas de uso sustentável — jamais para fins comerciais ou para beneficiar familiares de autoridades públicas.
Silêncio institucional e reação da sociedade civil
Até o momento, o governo de Rondônia não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Organizações ambientais e juristas já classificam o episódio como um escândalo de corrupção ambiental. “É mais um exemplo do desmonte da política ambiental na região Norte, onde servidores públicos se aproveitam dos cargos para viabilizar negócios privados em terras públicas”, afirmou um membro da ONG Observatório da Amazônia, que pediu anonimato.
O Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas do Estado foram acionados para investigar o caso, que pode resultar na anulação do ato, exoneração do cargo e responsabilização criminal do secretário-adjunto.
Contexto de ataques às unidades de conservação
A Reserva Extrativista Jaci-Paraná já vinha sendo alvo de invasões, grilagem e exploração pecuária ilegal há anos. Em vez de defender o território, setores do próprio governo estadual parecem alimentar o ciclo de destruição, com ações como essa que favorecem o avanço do desmatamento e o esvaziamento das políticas de conservação.
Gilmar de Lima, que já ocupou outros cargos públicos, é investigado também por possíveis irregularidades em outros processos fundiários.