Secretária denuncia barreiras invisíveis enfrentadas pelas mulheres do campo

Foto Reprodução

Ao debater o papel das mulheres no desenvolvimento da Amazônia, com foco na liderança feminina na bioeconomia e agricultura familiar, em participação no TXAi Amazônia, a secretária de Estado da Mulher, Márdhia El-Shawwa, fez um alerta sobre a bioeconomia inclusiva. Segundo ela, as mulheres amazônidas enfrentam barreiras estruturais que as excluem dos benefícios prometidos por políticas públicas e projetos sustentáveis.

“Como acessar financiamento se a terra está no nome do marido? Como empreender se, ao romper o ciclo de violência, ela perde o sustento? E quando finalmente consegue um crédito, o companheiro some com o dinheiro?”, questionou Márdhia, ao relatar as dificuldades vividas por milhares de mulheres rurais, especialmente em situação de violência.

Ela destacou que o Acre figura entre os estados com maior taxa de feminicídio do Brasil, e que políticas públicas precisam ir além da repressão e da punição: “É preciso garantir autonomia financeira, acesso à informação, incentivo à produção e apoio técnico constante”.

A secretária apresentou iniciativas como a Feira de Agricultura Familiar no Bujari, que hoje chega à UFAC, ao TRE e aos bairros de Rio Branco. “São mulheres que romperam com agressores e hoje sustentam suas famílias com o que produzem. Elas não são apenas sobreviventes — são protagonistas.”

Márdhia também ressaltou ações afirmativas da secretaria, como a tradução da Lei Maria da Penha para os idiomas indígenas Manchinéri e Huni Kuin, além de cartilhas de prevenção à violência distribuídas em aldeias com apoio das lideranças.

Para ela, mais do que empoderar, o desafio é romper o ciclo da exclusão. “A mulher da floresta tem força. O que falta é sistema, é ponte, é estrutura. É compromisso político com quem vive longe do gabinete e perto da terra.”

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