Santa Rosa e Feijó estão entre os 20 piores municípios do Brasil em progresso social

Foto Ilustrativa da web

Isolamento, abandono institucional e ausência do Estado empurram municípios amazônicos acreanos para a base do IPS 2025. Índices revelam um Norte onde direitos básicos seguem sendo promessa não cumprida.

O Brasil oficial raramente olha para Santa Rosa do Purus, e quase nunca fala de Feijó. Mas em 2025, os dois municípios do Acre conquistaram um lugar incômodo: figuram entre os 20 piores do país no Índice de Progresso Social (IPS), com pontuações inferiores a 45 pontos em uma escala que vai até 100. O ranking — construído com base em 57 indicadores de qualidade de vida.

Enquanto a média nacional supera os 62 pontos, esses dois municípios permanecem quase 20 pontos abaixo. O resultado evidencia um profundo abismo socioambiental entre as regiões brasileiras. Os piores indicadores estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque negativo para o componente Qualidade do Meio Ambiente na Amazônia Legal, impactado pelo desmatamento e emissões de gases de efeito estufa.

Rastro de abandono

A lista dos 20 piores municípios brasileiros no Índice de Progresso Social (IPS) 2025 é majoritariamente composta por cidades do Pará — que ocupa 11 das 20 posições — além de municípios do Maranhão, Roraima e Mato Grosso do Sul. No entanto, os dois municípios do Acre presentes no ranking, Santa Rosa do Purus e Feijó, se destacam negativamente por características específicas que aprofundam suas vulnerabilidades sociais.

Localizado no extremo oeste do Acre, na fronteira com o Peru, Santa Rosa do Purus é um dos municípios mais isolados do país. Seu acesso só é possível por via fluvial ou aérea, o que compromete seriamente a logística de serviços públicos. A cidade depende totalmente de voos para o transporte de medicamentos e atendimento médico especializado. Além disso, enfrenta a ausência de saneamento básico, altos índices de mortalidade infantil, exclusão digital quase total e situações recorrentes de insegurança alimentar, compondo um cenário de extrema fragilidade social.

Já Feijó, embora geograficamente mais centralizado e com potencial para se desenvolver como polo agroextrativista, sofre com condições precárias de infraestrutura. As estradas em más condições dificultam o escoamento da produção e o acesso da população a serviços essenciais. A saúde pública é desestruturada, e o sistema educacional enfrenta sérios entraves, incluindo escolas mal equipadas e evasão escolar elevada.

Os indicadores de segurança de Feijó também são alarmantes, com registros frequentes de violência, inclusive contra mulheres e populações indígenas. A exclusão social atinge especialmente as comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas, que convivem com o abandono estatal e a morosidade burocrática.

Essas características posicionam Santa Rosa do Purus e Feijó como exemplos emblemáticos de municípios onde a ausência de políticas públicas efetivas compromete não apenas o progresso social, mas os direitos mais básicos da população.

O levantamento do IPS 2025 aponta que a ausência de políticas públicas básicas em municípios mais vulneráveis do acre, onde falta saneamento, energia estável, internet pública, transporte digno, alimentação adequada, saúde, educação.

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