Rio Acre recua para 7,81 m e acende sinal de seca antecipada em 2025

Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal

Manancial caiu mais de 6 m em seis semanas e já opera 40 % abaixo da média de abril; Defesa Civil admite risco de repetir crise histórica

O nível do Rio Acre despencou para 7,81 m às 5h38 desta terça‑feira, 22, segundo boletim da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil. A marca reforça o temor de uma seca antecipada em 2025, temdo em vista que para esta época do ano, o rio costuma variar entre 10 m e 12 m, bem acima da cota atual.

O recuo acontece apenas 43 dias depois de o mesmo rio ter transbordado, alcançando 14,13 m, em dez de março — cota que desalojou mais de 18 mil pessoas na Capital.

Desde então, o manancial perdeu 6,32 m, numa média de 14 cm ao dia, taxa considerada “acelerada” por hidrólogos do Serviço Geológico do Brasil (SGB). O boletim hidrológico mais recente do SGB aponta uma recessão diária de 35 cm na semana passada.

Dez meses seguidos de estiagem severa

O fenômeno não surpreende os especialistas. Entre maio de 2024 e fevereiro de 2025, o Acre registrou dez meses consecutivos de seca, segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas (ANA).

Em 1º de abril, a Defesa Civil estadual já alertava para a possibilidade de uma nova seca histórica neste segundo semestre, potencialmente mais crítica que a de 2024, quando o rio chegou a 1,25 m, o menor nível em 53 anos. “A estiagem de 2024 foi apenas um ensaio. Se a chuva atrasar em junho e julho, poderemos bater o recorde negativo mais uma vez”, projeta o hidrólogo Carlos Portela, do SGB.

Impacto imediato

– Captação de água – O Departamento de Água e Esgoto (Saerb) já admite custo extra para bombear água bruta: a calha rasa exige operação de bombas reserva.

– Navegação ribeirinha – Barqueiros de Xapuri relatam encalhes frequentes nos varadouros; a travessia interdita à noite por segurança.

– Saúde pública – A Secretaria Estadual de Saúde monitora aumento de casos de diarreia nas comunidades ribeirinhas devido à concentração de poluentes.

O que vem a seguir?

– Previsão climática – O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) projeta chuvas 30 % abaixo da média entre maio e julho, influenciadas pelo resfriamento rápido do Pacífico (início do fenômeno La Niña fraco).

– Operação Seca 2025 – A Defesa Civil antecipa para maio a instalação de barcaças‑balsa e poços artesenos para comunidades isoladas, medida adotada normalmente só em julho.

– Risco de fogo – O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) planeja restringir autorizações de queima controlada já em junho.

Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal

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