Rio Acre inicia outubro com 1,37 metro e se aproxima de cota histórica

Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre

Há quase um ano, o nível do Rio Acre alcançava o menor índice na série histórica na capital acreana, chegando a 1,25 metro. Em 2023, o rio volta a iniciar o mês de outubro abaixo dos dois metros, com 1,37 metro na medição das 6h. O índice também representa uma queda de três centímetros em relação ao sábado (30), quando encerrou o mês de setembro em 1,40 metro. No ano passado, o mês de outubro começou com duas cotas históricas seguidas.

Ao todo, o Rio Acre teve uma redução de sete centímetros no mês de setembro. No dia 1º daquele mês, o nível marcou 1,47 metro. Porém, chegou ao pico de 1,75 metro no dia 12, e desde então, registrou queda na maioria dos dias de setembro.

O nível está abaixo dos 2 metros há mais de 40 dias, e pelo menos 17 mil pessoas já foram afetadas pelo desabastecimento de água em Rio Branco. A estimativa é da Defesa Civil Municipal, responsável pela Operação Estiagem, que já atendeu 4 mil famílias em 27 comunidades nas zonas urbana e rural da capital acreana. Porém, segundo o coordenador Coronel Cláudio Falcão, o número pode ser ainda maior.

Operação Estiagem

No Acre, os cenários extremos são esperados pelas autoridades e conhecidos como “verão amazônico”, que inicia no segundo semestre com altas temperaturas, má qualidade do ar e seca dos rios, e “inverno amazônico”, marcado por fortes chuvas, inundações e cheias do rio. Pensando nisso, desde 2021, a prefeitura mantém a Operação Estiagem, que consiste em levar água potável para as comunidades que não são abastecidas pelo sistema de água.

Essas comunidades, geralmente, dependem de poços para ter acesso à água e, durante a estiagem, esse poços ficam secos. Então, semanalmente, por dois ou três dias, os carros-pipas passam nessas áreas abastecendo as caixas d’água dos moradores com água potável.

Clairton Luiz tem uma padaria na Vila Manoel Marques e disse que a ação de levar água pra comunidade é o que ajuda neste período.

“Esse período aqui é considerado o pior, porque geralmente quem vem pra cá não quer ficar, logo procura outro meio, outro lugar pra morar, devido a dificuldade da água. Com essa estiagem de chuva, pela graça de Deus, o que tem salvado é o serviço da prefeitura, que tem fornecido a água pra gente, duas, três vezes na semana. Não tem deixado faltar. Esse suporte tem muito acolhedor aqui pra gente, não só aqui pra gente no nosso ramal, mas pra toda essa vila”, pontua.

Ele conta que usa cerca de dois mil litros por semana e que, se não fosse a operação, o gastos com esse abastecimento extrapolariam o seu orçamento.

“A gente usa tanto pra os serviços domésticos, dentro de casa, lavar roupa, pro almoço e a gente tem mais coisa, como também pro nosso trabalho na padaria. E tem sido um suporte fundamental, porque se abaixo de Deus se não fosse isso, nós teríamos dificuldade muito grande. Nós teríamos que comprar mil litros, que daria R$ 80. E isso duas vezes na semana, não tem condições.”

Estudo para poços

Enoque Pereira, diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), afirmou que a equipe do Saerb mantém uma comunicação constante com o Serviço de Água e Esgoto do Acre (Saneacre) para monitorar os níveis do rio nos municípios vizinhos, como Assis Brasil, Brasileia e Xapuri. Se o Rio Acre apresentar uma redução significativa de volume, medidas alternativas serão necessárias. (G1)

O gestor revelou que, diante da atual situação, o Saerb está em processo de fechamento de convênios com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Universidade de Brasília (UnB) para realizar um estudo aprofundado do solo de Rio Branco. O objetivo é avaliar a presença de água em solos rasos e profundos, com a subsequente prospecção e perfuração de poços, a fim de estabelecer uma reserva de água que possa servir como contingência em caso de necessidade.

A dependência exclusiva do Rio Acre para o abastecimento de água não é sustentável a longo prazo. O diretor-presidente salientou que a busca por alternativas, como a sondagem do solo e a criação de reservas de água, é fundamental para garantir o fornecimento de água durante os períodos de estiagem.

Estiagem no Acre afeta distribuição de água e combustível

Compartilhar