O novo retrato do Brasil urbano, revelado pelo Censo Demográfico 2022, mostra um país partido ao meio. De um lado, regiões como Sudeste e Sul avançam na universalização da infraestrutura básica. De outro, o Norte ainda convive com índices alarmantes de exclusão urbana. A realidade das ruas sem calçadas, da ausência de esgoto e da falta de acessibilidade é cotidiana para milhões de brasileiros — e, em boa parte, invisível ao poder público.
Dados do IBGE revelam apenas 22,8% dos moradores da Região Norte têm acesso à coleta de esgoto. Em estados como o Amapá, esse índice despenca para 11% — o menor do Brasil. A pavimentação de ruas também é um desafio persistente: menos de 70% das vias são pavimentadas em boa parte dos estados nortistas, enquanto em São Paulo esse índice ultrapassa os 96%.
A presença de calçadas é outro indicador da precariedade urbana. No Amapá, somente 57,1% da população vive em vias com calçadas. O Amazonas tem uma das piores médias nacionais em acessibilidade: apenas 5,6% das ruas contam com rampas para cadeirantes, quando a média brasileira é de 15,2%.
A crise de infraestrutura impacta diretamente a saúde pública, a educação e o desenvolvimento econômico da região. Crianças convivem com esgoto a céu aberto, idosos enfrentam ruas esburacadas, e cadeirantes sequer conseguem circular com dignidade.
O Censo também mostrou que mais de 100 milhões de brasileiros vivem em ruas sem rampas para cadeirantes, sendo que dois terços estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste.