REFORMA A JATO

Por Marcela Jansen

“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.” (Ernest Renan)

REFORMA A JATO

A reforma da Previdência municipal já está no forno e deve chegar na Câmara com o selo “urgência urgentíssima”. A justificativa é o fantasma da PEC 66, mas o que se percebe é a velha pressa para não dar tempo do servidor reagir. No papel, tudo é sustentável. No contracheque, nem tanto.

FOTO Divulgação

FUNDO CHEIO, BOLSO VAZIO

Rio Branco tem mais de R$ 1,3 bilhão em caixa na previdência. Mesmo assim, o servidor continua pagando 14% e a prefeitura torrando 35% do orçamento com a alíquota suplementar. Alguém aí vai ter que explicar essa matemática com mais que PowerPoint.

REFORMA SEM BARULHO

A promessa é de um “pedágio suave” para aposentadoria. Suave pra quem? Se a Câmara aprovar no modo rolo compressor, a conta política virá — e não será parcelada.

BR-364: APOIO DE GOGÓ

Edvaldo Magalhães soltou o verbo. Disse que tem muito parlamentar “apoiando” a BR-364 só com discurso. E tem razão. Tivemos relatoria de orçamento na mão e nenhum centavo carimbado pra estrada. A rodovia continua derretendo. E a bancada federal? Em Brasília, mas com os dois pés fora do Acre real.

FURO ONO ASFALTO E NA MEMÓRIA

A BR-364 virou símbolo do abandono. Todo mundo promete, ninguém entrega. De 200 km prometidos com macadame, só chegou mesmo o cascalho do discurso.

MARINA E OS MACHOS EM SURTO

O ataque contra Marina Silva no Senado foi de uma baixeza que nem na coxia do debate político se aceita. E o que foi dito? Nada. Silêncio cúmplice de quem já andou na garupa da difamação. Edvaldo Magalhães foi um dos poucos que se posicionou. Goste-se ou não da Marina, ela tem história — e isso ninguém derruba com grosseria.

MOÇÃO E LIÇÃO

A moção de solidariedade à Marina na Aleac é mais que simbólica. É o tipo de gesto que mostra quem ainda enxerga a política como espaço de civilidade. No mais, atacar mulher preta da floresta com arrogância de paletó é atestado de covardia com firma reconhecida.

KAMAI NA CONTRAMÃO DO SILÊNCIO

Enquanto muita autoridade do Acre engoliu a língua diante dos ataques à Marina Silva no Senado, o vereador André Kamai foi à tribuna e falou o que precisava ser dito. Sem meias palavras, chamou o episódio de armadilha e resgatou o valor da coragem em tempos de covardia política. Palmas — e raras.

DO QUINZE PARA O MUNDO

Kamai falou na Câmara de Rio Branco, mas o que disse ecoa lá fora. Lembrou que Marina não se intimida com dedo em riste — e não se dobra nem quando o ataque vem disfarçado de debate. Um discurso à altura da história da ministra e do que o momento exige.

MARINA DE PÉ, SENADORES DE JOELHOS

Na fala, Kamai citou Natuza Nery: “eles nunca terão o respeito que Marina já conquistou”. Verdade pura. Fizeram um circo, mas esqueceram que Marina é do tipo que não se abala com rugido de palanque. Ela conhece o jogo — e joga melhor.

QUE FIQUE REGISTRADO

Entre o rebaixamento do Congresso e o silêncio cúmplice de muita gente do Acre, a voz de Kamai se destacou pela lucidez. Que isso fique nos anais da Câmara — porque dignidade também deve ser documentada.

FALTA DE COMPOSTURA

Em tempos de lacração, falta argumento. Quando não se tem o que dizer, grita-se. Foi o que se viu no Senado. Mas quem grita sem razão, acaba ouvindo o próprio eco.

VISITA COM DISCURSO DE FITA DE INAUGURAÇÃO

O prefeito Tião Bocalom esteve nas obras do Mercado Elias Mansour e repetiu o mantra de sempre: “essa obra vai marcar a história de Rio Branco”. A frase já virou bordão. A cada visita, ele promete uma cidade nova — só esquece que quem vive a velha cidade tá debaixo da poeira das promessas antigas.

LEGADO COM CARA DE DÍVIDA

A obra é importante, sim. Mas prometer entrega até fevereiro de 2026 com base na atual velocidade da gestão é querer brincar com a paciência do eleitor. Se terminar no prazo, ótimo. Mas se passar, vai ser mais um “legado” com cara de dívida.

DINHEIRO DOS OUTROS, MÉRITO PRÓPRIO

Dos R$ 30 milhões, R$ 25 milhões vieram de emendas parlamentares. Mesmo assim, o prefeito aparece como se tivesse bancado tudo do próprio bolso. É a mágica da política: quem assina o convênio, vira dono da obra.

ESPAÇO PROVISÓRIO, PREJUÍZO REAL

Os feirantes foram tirados às pressas e realocados. Dizem que “alguns estão até gostando”. Basta conversar dois minutos com os permissionários pra ouvir o contrário: menos movimento, menos renda e mais incerteza.

A PROMESSA É UM CLÁSSICO

Não é a primeira vez que o Mercado Elias Mansour entra em “reforma histórica”. Já teve pelo menos cinco anúncios em gestões anteriores. Agora virou peça de propaganda com duas lajes, estacionamento e discurso pronto pra Instagram.

CENTRO VALORIZADO, MAS É SÓ NO PAPEL

A revitalização do centro de Rio Branco parece existir apenas nas maquetes. O calçadão da Benjamin, a orla do bairro Cadeia Velha, o próprio Terminal Urbano… tudo atrasado, empacado ou mal acabado. Projeto tem. Execução é que falta.

MERCADO OU MAQUIAGEM ELEITORAL?

A obra está prevista pra acabar em pleno ano eleitoral. Coincidência? Pode até ser. Mas obra grande terminando às vésperas da urna tem cheiro de palanque disfarçado. Se sair no prazo, vai ter festa. Se atrasar, silêncio geral.

OBRA PÚBLLICA, GESTÃO PRIVADA

Até agora ninguém explicou como será a gestão do novo mercado. Vai ter licitação de box? Concessão? Autogestão? Silêncio total. É reforma sem manual de instrução.

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