“Em política, a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades.”
(Charles Tocqueville)
RECEITA DE PERSEGUIÇÃO: FARINHA, PRODUTOR E MÁ FÉ
A prefeitura de Rio Branco deixou mofar mais de R$ 1 milhão para construir cinco casas de farinha. Cancelou a emenda e mandou devolver o dinheiro, que já estava na conta desde 2023. O vereador Eber Machado chamou de incompetência — com cheiro de perseguição no forno. A equação é simples: se tem recurso, tem ordem de serviço e tem vídeo da construção em andamento… por que cancelar? Segundo Eber, é porque o produtor não é “amigo do rei”.
MENTIRA, A FARINHA E O VÍDEO
“Isso é mentira!”, gritou Eber com vídeo da obra em mãos. A gestão disse que o produtor desistiu. O produtor diz que não. Alguém está mentindo — e, segundo o vereador, não é o homem do campo.
O SILÊNCIO ECOANDO ALTO
A base do prefeito se cala diante de documentos, vídeos e denúncias. Eber disparou: “Me mostrem uma verdade dita por Bocalom”. O silêncio ecoou mais alto que a verdade na Câmara.
GOVERNO SEM PRESSA, ALUNO SEM AULA
Três meses após o início do ano letivo, 11 escolas estaduais de Jordão continuam com as portas fechadas. O motivo? Falta de transporte escolar por atraso nos pagamentos. O governo assiste de camarote à violação do direito à educação.
SE FOSSE NA CAPITAL…
O deputado Edvaldo Magalhães foi direto: se a paralisação fosse no Colégio Acreano ou em alguma escola da capital, o problema já teria sido resolvido. Mas como é Jordão, a prioridade parece ter sumido junto com os repasses.
QUANDO O DESCASO VIRA REGRA
É sempre nos municípios isolados que a conta do abandono chega mais cedo. A Educação vira estatística, e o aluno vira obstáculo. Em Jordão, o recado está dado: quem depende do poder público para estudar, precisa antes de sorte — e muita paciência.
SEGURANÇA NÃO É DO PASSADO
Ao afirmar que “Guarda Municipal é coisa de antigamente”, o prefeito Tião Bocalom contrariou uma tendência crescente entre capitais e municípios brasileiros que têm apostado na criação de guardas como reforço direto à segurança urbana. Em vez de ultrapassada, a medida tem sido recomendada por especialistas em segurança pública como uma forma eficaz de proteger escolas, praças e unidades de saúde — justamente os espaços mais vulneráveis ao avanço da criminalidade.
VIOLÊNCIA EM ALTA NA CAPITAL
Só nos três primeiros meses de 2025, Rio Branco já contabiliza mais de 70 homicídios, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública. O número representa uma alta de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Em bairros periféricos, moradores relatam o avanço do domínio de facções, assaltos diários e medo generalizado. Diante desse cenário, a ausência de uma força municipal de segurança soa como omissão do poder público local.
CÂMERAS SIM, PRESENÇA NÃO
Bocalom aposta na instalação de 300 câmeras de vigilância, monitoradas pela Polícia Militar, como solução para o problema da insegurança. O problema é que, sem efetivo nas ruas, as imagens muitas vezes apenas registram os crimes sem qualquer ação preventiva. A presença ostensiva de agentes públicos em áreas estratégicas tem efeito psicológico direto sobre a criminalidade, segundo diversos estudos da área.
VOZ DAS RUAS
Enquanto a prefeitura investe em tecnologia, a população clama por presença humana. Pais de alunos, professores, líderes comunitários, sociedade em geral têm reiterado a necessidade de uma Guarda Municipal armada e bem treinada para proteger escolas e praças — locais que se tornaram alvo frequente de furtos, depredações e tráfico de drogas.
INÉRCIA
É verdade que a prefeitura enfrenta limites com gasto de pessoal, como lembrou o secretário de Finanças, Wilson Leite. Mas segurança pública é prioridade constitucional e exige criatividade orçamentária, não recuos. Outras capitais, mesmo com desafios fiscais, conseguiram organizar suas guardas municipais com apoio de convênios, emendas parlamentares e parcerias com o Governo Federal. Falta vontade política.
DESCOMPASSO
Nos bastidores, Bittar articula uma verdadeira festa para oficializar sua filiação ao PL, com direito a tapete vermelho para Jair Bolsonaro, de quem é devoto declarado. O movimento, embora estratégico, soa como um descompasso com a realidade do Acre, onde faltam investimentos em infraestrutura, segurança e educação, mas sobram intenções de montar palco eleitoral antes da hora.
ANISTIA SOB APLAUSOS
Cinco dos oito deputados federais do Acre — Coronel Ulysses, Eduardo Velloso, Roberto Duarte, José Adriano e Zezinho Barbary — assinaram o requerimento de urgência para votar o projeto que concede anistia aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.
DUPLO DISCURSO?
Chama atenção o fato de todos os cinco deputados estarem em partidos com interlocução com o governo Lula, alguns até com cargos e emendas asseguradas. A adesão ao projeto de anistia escancara, portanto, o duplo discurso de setores do chamado “centrão raiz”, que posam de moderados em Brasília, mas acenam para as bases bolsonaristas quando a pauta pede.
DECLINARAM
Enquanto isso, as deputadas Socorro Neri, Meire Serafim e Antônia Lúcia ficaram de fora da lista, cada uma por seus próprios motivos: Neri, com postura mais institucional; Meire, recuada no embate; e Antônia, que surpreende por não ter assinado, mesmo sendo fiel ao bolsonarismo em outros momentos.