“Quem invadiu quem?”. Com essa pergunta, o presidente da presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez, deu o tom de um discurso inflamado, com forte carga emocional e crítica institucional durante debate sobre embargos das terras acreanas. Segundo ele, o atual modelo de reservas extrativistas tem sufocado o direito de crescimento dos moradores tradicionais e criminalizado os produtores.
“Essas florestas já eram habitadas. Criaram-se reservas em áreas onde já existia vida, produção, famílias”, afirmou Veronez. “E agora essas mesmas pessoas são punidas porque querem crescer. O modelo imposto obriga as famílias a seguirem regras que não respeitam sua vocação. Isso é um projeto de pobreza”, disparou.
O pecuarista fez críticas diretas à atuação de órgãos ambientais como ICMBio e Ibama, que, segundo ele, agem com truculência, ignoram a realidade local e impõem barreiras cada vez maiores para quem vive da produção rural.
Código Florestal sob ataque
Veronez também cobra dos políticos acreanos uma atuação mais incisiva para revisar o Código Florestal Brasileiro, em vigor desde 2012. Para ele, a lei atual não considera os impactos sociais e econômicos nas regiões amazônicas.
“Não podemos tratar como retrocesso o que é correção. A lei foi feita sem conhecer todos os seus efeitos. Hoje vemos as consequências: famílias impedidas de trabalhar, áreas produtivas paralisadas e o crescimento travado”, afirmou.
Rastreabilidade e pressão ambiental
Veronez cita a rastreabilidade da produção, apontando o mecanismo como mais um entrave às atividades do setor primário. “Estamos ficando com só 15% de área utilizável e, ainda assim, vêm mais regras, mais exigências. Como vamos sobreviver com tanta pressão?”, questionou.
Ele classificou o cenário como uma forma de “populismo ambiental” e cobrou uma reação articulada das lideranças políticas e dos setores produtivos.