EDITORIAL
As salas de aula estão silenciosas em Rio Branco — mas não por falta de professores. O que ecoa agora é o som de um grito coletivo: o da educação pública pedindo respeito.
Desde o início da paralisação dos servidores da rede municipal, o que se viu foi o velho jogo do empurra: promessas de diálogo, comissões e estudos técnicos. Mas o que falta é o essencial — proposta concreta. Enquanto isso, mais de 5 mil trabalhadores seguem ignorados, e milhares de estudantes ficam sem aula. A resposta institucional, até aqui, parece ensaiada: criar grupos, analisar números, pedir tempo. Mas tempo é justamente o que a educação não tem mais a perder.
A prefeitura pede trégua. Os professores pedem dignidade. E, entre um pedido e outro, cresce a indignação da população diante de um cenário em que se privilegia reajustes para os altos cargos, enquanto se pede paciência de quem carrega o sistema nas costas.
A greve dos educadores não é apenas uma paralisação. É um sintoma. E como todo sintoma, revela algo mais profundo: a precarização de uma categoria que ensina com amor, mas que não vive de amor. Vive de salário. De condições mínimas para exercer seu ofício. De reconhecimento.
Negociar é preciso, mas negociação sem proposta é encenação. A cada dia de greve, são crianças e adolescentes que perdem o vínculo com a escola, são famílias que enfrentam mais um abismo de desigualdade, e é a cidade inteira que adia o seu próprio futuro.
É hora de ouvir. Não para ganhar tempo, mas para resolver. O Correio OnLine reafirma seu compromisso com uma educação pública de qualidade e com o direito de cada trabalhador ser valorizado com justiça. Em nome de todos os alunos sem aula, em nome de cada professor invisibilizado, em nome da cidade que ainda sonha com um amanhã melhor, que a resposta venha. E que seja digna.
Foto: Saimo Martins