ARTIGO
Em qualquer capital brasileira minimamente comprometida com a segurança de sua população, a criação e manutenção de uma Guarda Municipal é um passo básico, esperado, necessário. Em Rio Branco, no entanto, a lógica do prefeito Tião Bocalom é outra: ele simplesmente se recusa a criar a Guarda Municipal, mesmo diante de episódios crescentes de violência, depredação de espaços públicos e ameaças a trabalhadores.
Nos últimos dias, Bocalom voltou a reafirmar sua postura de negação diante de uma necessidade evidente, desprezando não apenas os clamores populares, mas também as recomendações da própria Secretaria de Segurança Pública do Estado, que vê na guarda um reforço essencial ao policiamento ostensivo. Sua resposta, além de desconectada da realidade, foi arrogante: prefere ampliar o número de câmeras, como se tecnologia sem presença humana resolvesse alguma coisa.
“Câmera não impede assalto”, disse o deputado Emerson Jarude na tribuna — e tem razão. Câmeras registram. Guardas agem. O que o prefeito está propondo é observar a violência, não enfrentá-la.
Pior: Bocalom transmite à população um recado perigoso — o de que proteger praças, parques, escolas e trabalhadores não está entre suas prioridades. Os garis agredidos, os frequentadores do Parque da Maternidade e os moradores de bairros que convivem com o medo cotidiano sentem na pele o que significa essa ausência do poder público.
A Guarda Municipal não é luxo. É necessidade. É política pública. É presença do Estado nos territórios da cidade que mais precisam dele. Não se trata de criar mais uma estrutura inchada, mas de estruturar um corpo técnico, treinado e presente, que colabore com a segurança local, principalmente nos equipamentos públicos e no ordenamento urbano.
Ao recusar esse avanço, Bocalom se isola das demais capitais do país e se agarra a um discurso ultrapassado, equivocado e perigoso. Enquanto isso, multiplica cargos comissionados e nomeia parentes próximos para funções estratégicas. A cidade, que já foi modelo de inovação social e planejamento urbano, se vê hoje refém da teimosia política de um gestor que não escuta, não planeja e não age.
Rio Branco merece mais do que câmeras. Merece segurança. Merece respeito. E merece um prefeito que entenda a diferença entre enxergar e cuidar.
Marcela Jansen é Jornalista, colunista política, assessora de Comunicação, editora-chefe e sócia proprietária do jornal O Correio e site Correio OnLine. Advogada na M|J Advogada Associada, pós-graduanda em Direito Eleitoral, Direito e Processo Penal.