Professores e alunos mudam rotina após onça ser vista perto de escola rural no Acre

Foto Cedida

Moradores passaram a andar em grupo por medo de ataques. Secretaria de Educação não enviou equipes ao local, e comunidade escolar cobra medidas de segurança.

A presença de uma onça-pintada nas proximidades da Escola Rural Antônio Simplício, localizada no Ramal Novo Berlim, zona rural de Feijó (AC), tem causado temor e alteração na rotina de professores, alunos e moradores da região. O felino foi flagrado por um morador no último dia 7 de maio e o vídeo rapidamente se espalhou nas redes sociais, levando a comunidade a adotar medidas de precaução.

Com medo de novos encontros com o animal, servidores da escola passaram a se deslocar em grupos, e os alunos foram orientados a não caminharem sozinhos no trajeto até a unidade. Apesar disso, segundo relatos, poucos pais têm levado os filhos pessoalmente, o que mantém o clima de preocupação no local.

A professora Edna Ferreira, que percorre cerca de uma hora a pé pelo ramal para chegar à escola, relata que o medo é constante.

“Estamos indo e voltando em grupos maiores. Vi a onça apenas pelo vídeo, mas fico muito apreensiva com a possibilidade de encontrá-la no caminho”, afirmou à imprensa local.

As aulas na escola foram retomadas na segunda-feira (13), mas nenhuma medida prática foi adotada pela Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Acre (SEE-AC). A pasta informou apenas que mantém diálogo com órgãos ambientais e que a comunidade deve “redobrar os cuidados”.

Biólogos alertam: onça não ataca sem provocação

Especialistas explicam que o aparecimento de onças em áreas rurais e até urbanas tem se tornado mais comum devido a desmatamento, mudanças climáticas e expansão urbana, que reduzem o habitat natural do animal.

Segundo a bióloga Marinara Lusvardi, as onças são predadores de topo da cadeia alimentar e necessitam de grandes áreas para caçar e sobreviver.

“Com a perda de território e a escassez de presas, elas acabam se aproximando de zonas habitadas. Isso não significa que sejam naturalmente agressivas. Ataques a humanos são extremamente raros”, explica.

De acordo com um levantamento, entre 1950 e 2018 foram registrados apenas 64 ataques confirmados de onças-pintadas em toda a Amazônia brasileira — número considerado baixo em relação à convivência com outras espécies de grandes felinos.

A bióloga alerta ainda para comportamentos humanos que aumentam o risco, como alimentar animais silvestres (a chamada “ceva”), manter cães soltos ou invadir áreas de mata com filhotes, o que pode provocar reações de defesa por parte da onça.

O que fazer ao avistar uma onça?

Confira as orientações de segurança em áreas com presença confirmada de onças:

  • Evite caminhar sozinho: ande em grupo, o barulho afasta os animais.
  • Faça ruídos ao caminhar: cantar, conversar ou bater o bastão nas pedras ajuda a não surpreendê-la.
  • Evite trilhas ao amanhecer, entardecer ou à noite: horários em que a onça está mais ativa.
  • Não corra se avistar o animal: recue devagar, mantendo o contato visual, sem encarar ou demonstrar medo.
  • Jamais se aproxime de filhotes: a mãe pode atacar para protegê-los.
  • Evite levar cães: eles podem provocar a onça e aumentar o risco de ataque.
  • Fique atento a sinais de presença: pegadas, fezes, arranhões em árvores e restos de caça são indícios importantes.

A comunidade escolar segue em alerta, aguardando uma resposta efetiva do poder público sobre ações de monitoramento e segurança no ramal.

Com informações G1

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