Durante audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado Federal, representantes do setor agropecuário defenderam o fortalecimento do Plano Safra 2025/2026. As demandas foram apresentadas como resposta ao cenário de juros elevados, riscos climáticos e gargalos estruturais que afetam a produção rural no Brasil.
O principal pedido dos produtores é o aumento dos recursos destinados ao plano, que oferece linhas de crédito subsidiado para custeio, investimento e comercialização da produção. Além disso, o setor reivindica juros compatíveis com a atividade agrícola, política mais eficiente de seguro rural e linhas específicas para armazenagem de grãos.
“O produtor precisa de crédito acessível e condições reais de financiar sua produção. Hoje, apenas 40% da capacidade de armazenagem necessária está instalada no país. O restante está fora das propriedades, concentrado em grandes empresas, o que gera perda e insegurança”, afirmou Maurício Buffon, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja).
Os participantes também criticaram a burocracia e os entraves ambientais que dificultam o acesso ao crédito rural, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. “O governo oferece crédito por um lado, mas trava com decretos e exigências ambientais pelo outro. É preciso equilíbrio e coerência”, alertou Buffon.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) defendeu a criação de um modelo de financiamento de médio prazo que traga previsibilidade para os produtores. Para ele, é essencial que o Parlamento e o Executivo construam um Plano Safra duradouro, que resista às instabilidades do mercado internacional e às mudanças climáticas.
Representando o cooperativismo, João José Prieto Flávio, da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), destacou a necessidade de garantir fontes de recursos estáveis, limites adequados e políticas de gestão de risco fortalecidas. Ele também pediu atenção especial ao Proagro, programa que ampara produtores diante de perdas climáticas ou sanitárias.
Do lado do governo, o Ministério da Agricultura reconheceu os desafios. O secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos Júnior, afirmou que o novo Plano Safra está sendo desenhado com responsabilidade, mas destacou que a alta dos juros impõe limites. “O momento é mais propício ao custeio do que a investimentos. Precisamos compatibilizar taxas e volume de recursos”, disse.
A audiência foi proposta pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que apontou a urgência de um plano capaz de sustentar o crescimento do setor agrícola e proteger os produtores das oscilações do mercado e das adversidades climáticas.