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Produtores rurais interditaram, na manhã de sexta-feira, 13, a BR-317 no entroncamento da cidade de Xapuri, no interior do Acre, em protesto contra medidas de embargo e ordens de despejo em áreas situadas dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes. O ato é uma resposta direta à Operação Suçuarana, conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que tem realizado fiscalizações e aplicado sanções a propriedades consideradas irregulares na região.
Com faixas e cartazes que pediam respeito ao trabalho no campo e criticavam a insegurança jurídica enfrentada pelas famílias, os manifestantes denunciaram o que chamam de “perseguição ambiental travestida de fiscalização”. Frases como “Queremos solução, não promessas” e “Devolvam o sustento do povo” foram exibidas durante o protesto.
A manifestação, que reuniu dezenas de pessoas, contou com a presença de agricultores de diferentes faixas etárias, incluindo mulheres e idosos, sob sol forte. O trânsito na rodovia federal foi interrompido por algumas horas, sob o acompanhamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional, acionadas para garantir a ordem e evitar conflitos.
De acordo com os manifestantes, a operação em curso está gerando medo e instabilidade entre as famílias que vivem na região há décadas, muitas delas sustentadas exclusivamente pela produção agrícola. A principal demanda é por uma solução definitiva que reconheça o direito à permanência nas terras, evitando remoções forçadas e garantindo segurança jurídica aos pequenos produtores.
Lideranças da zona rural que participaram do ato afirmam que a situação exige diálogo entre os órgãos ambientais, o Poder Judiciário e o governo federal, com o objetivo de construir uma saída que leve em consideração o histórico de ocupação e a realidade social da reserva.
A mobilização chama atenção para os desafios da convivência entre políticas ambientais de conservação e a permanência de populações tradicionais e agricultores familiares em áreas de floresta. No Acre, essa tensão se acirra especialmente em regiões de fronteira agrícola inseridas em unidades de conservação, como é o caso da Reserva Chico Mendes.
Até o fim da manhã, o trânsito foi liberado e os manifestantes anunciaram que seguem mobilizados, aguardando uma resposta concreta das autoridades.