O fortalecimento da agricultura familiar no Acre ganhou destaque no Ramal Boa União, assentamento Projeto Tocantins, em Porto Acre, com a realização de dois cursos promovidos pela Associação dos Produtores Rurais do Projeto Tocantins (Aprotac). A iniciativa busca ampliar a qualificação dos trabalhadores e valorizar o protagonismo feminino no campo.

Segundo o agrônomo Hadamés Wilson, as capacitações envolvem duas frentes: um curso de torra de café, voltado a todos os produtores da comunidade, e um curso exclusivo para mulheres na área de operação de máquinas agrícolas pesadas. “O curso de torra trabalha desde a seleção dos grãos até o processo de qualidade que garante um café especial. Já a formação de tratorista é voltada apenas para mulheres, como forma de incentivar o empoderamento e abrir espaço em atividades que antes eram restritas”, explicou.

Hadamés destacou que o curso vai além da técnica. Ele falou sobre aguçar a sensibilidade do paladar, ensinando os participantes a identificar notas e aromas. “O café do Acre lembra chocolate, frutas, sabores que vêm direto do nosso solo e do nosso clima. Quando o produtor reconhece esses descritores, ele entende que está diante de um produto diferenciado, que pode ganhar espaço no mercado nacional e internacional”, afirmou.

O processo, segundo ele, é também visual e emocionante. “Acompanhar a seleção dos grãos, ver o brilho surgindo na torra, sentir o cheiro tomando conta do ambiente… é um aprendizado que mexe com todos os sentidos. Nossa munição é essa: um café de altíssima qualidade, pronto para encantar consumidores exigentes”, completou.
Em paralelo, o curso de operação de máquinas agrícolas trouxe um recorte importante: foi voltado apenas para mulheres da comunidade. A ideia, conforme Hadamés, é abrir espaço para que agricultoras conquistem autonomia em uma atividade historicamente restrita aos homens.

Além da qualificação técnica, o projeto também busca envolver os jovens do assentamento, oferecendo a eles a primeira oportunidade de gestão e participação ativa na produção. “Queremos evitar que os filhos dos produtores precisem sair do campo em busca de oportunidades. Aqui eles podem aprender, administrar e sonhar com o futuro”, acrescentou.












