Insatisfação, ausência e desrespeito. Essas foram as palavras que dominaram a sessão de quinta-feira, 9, na Câmara Municipal de Rio Branco, quando vereadores de diferentes bancadas se uniram para criticar a postura do presidente da Casa, vereador Joabe Lira (UB). Ausente em momentos solenes e presente apenas na mídia, o parlamentar foi acusado de desvalorizar o Legislativo, faltar com respeito aos colegas e esvaziar o protagonismo da Câmara diante da população.
A indignação geral teve como catalisador a postura considerada contraditória de Joabe. Enquanto cobra publicamente mais presença e comprometimento dos vereadores, o presidente tem faltado justamente às sessões que deveriam ser conduzidas por ele.
“Vamos dar exemplo a esta Casa. Esta é uma casa política, que merece o nosso respeito, principalmente com a população de Rio Branco e com os servidores desta Casa”, disse o vereador Raimundo Neném (UB), que iniciou a sequência de falas críticas no plenário.
O episódio mais recente que inflamou os ânimos foi a ausência do presidente na solenidade que homenageava os servidores da Câmara. A situação foi descrita por parlamentares como “desrespeitosa” e “constrangedora”.
“Hoje não era uma sessão qualquer. Era uma homenagem aos servidores que mantêm essa Casa de pé, que nos ajudam todos os dias a cumprir nosso papel. A ausência do presidente, justamente nesse momento, é mais que uma falta de respeito — é uma afronta institucional. Quem lidera precisa estar presente nos momentos simbólicos. Ficar longe da base é enfraquecer a própria Câmara”, disse o vereador Éber Machado.
O vereador Fábio Araújo lembrou que a ausência do presidente nas sessões tem gerado constrangimento e distorção da realidade na imprensa. “Fomos expostos na imprensa por uma sessão sem quórum, mas quem não apareceu foi o presidente. E, no fim, ele ainda foi o único a sair nas fotos. Isso é falta de respeito com quem trabalha de verdade.”
Já o vereador João Paulo não poupou críticas à postura do atual presidente e defendeu o papel independente do parlamentar: “Quem me colocou aqui foi o povo, e é a ele que devo respeito. Aqui não é colégio pra ninguém querer puxar a orelha de vereador. O exemplo tem que partir da presidência, não do palanque.”
As críticas também abordaram a suposta submissão do Legislativo à agenda do Executivo municipal. “Essa Casa não pode ficar submetida à agenda de outro poder. O Executivo precisa respeitar o Legislativo, e a mesa diretora precisa dar exemplo”, reforçou o vereador Neném Almeida (MDB).
Outro ponto levantado pelo emedebista foi a falta de transparência e efetividade nas ações da presidência. Segundo os vereadores, há promessas não cumpridas e decisões unilaterais que afetam o bom funcionamento da Casa. “Tudo que a gente fala com o presidente ele só balança a cabeça. Nunca vi ele pegar uma caneta pra anotar nada. E depois vai pra imprensa posar de gestor”, ironizou o vereador.
A vereadora Elzinha Mendonça (PP) repudiou com veemência a fala de Joabe Lira sobre “puxar a orelha dos vereadores”. “Nós não somos moleques. Temos história e responsabilidade. Eu me senti magoada. A fala do presidente foi infeliz e desrespeitosa”, afirmou, sendo seguida pela vereadora Luciene, que relatou sentimento de constrangimento e tristeza diante da desorganização e da falta de compromisso com os servidores.
Em tom mais enérgico, o vereador André Kamai (PT) lembrou que a atual Legislatura nasceu com a promessa de protagonismo e independência. “Tem tudo para dar certo essa Legislatura. Mas se o presidente não conduzir com responsabilidade, o trabalho de todos vai por água abaixo. Quem aparece na mídia é só ele. O esforço coletivo precisa ser respeitado.”
Ao final da sessão, o clima era de cobrança geral por uma mudança de postura por parte da presidência. Parlamentares exigiram mais responsabilidade, presença nas sessões e respeito às prerrogativas do Legislativo. A possibilidade de um requerimento oficial pedindo explicações formais ao presidente também foi cogitada.
Foto: Jardy Lopes
