Preservar tem custo: Alan Rick defende compensação justa para estados amazônicos

Fotos: Sérgio Vale

Fotos: Sérgio Vale

“A Amazônia quer usar seus 20%, mas quer ser remunerada pelos 80% que preserva”. A afirmação é do senador Alan Rick (UB-AC), em entrevista exclusiva ao Correio OnLine, ao comentar o debate sobre a atualização do Código Florestal e os entraves ao desenvolvimento na Amazônia. O parlamentar destacou que o maior obstáculo não é técnico, mas sim político e está no Congresso Nacional, onde os interesses econômicos do Sul e Sudeste travam mudanças necessárias à realidade da região Norte.

“Quem já tem o Código a seu favor, não está interessado em ajudar o Acre, a Amazônia. Somos minoria”, afirmou Alan Rick citar como exemplo a situação da Resex Chico Mendes, cujo plano de uso está desatualizado desde 2008.

Segundo ele, as regras atuais limitam o uso da terra a 10% da área e só 5% no caso da pecuária. O senador defende que essa limitação ignora a transformação econômica e social das famílias que vivem nas reservas. “O extrativismo não sustenta mais essas famílias. O preço da borracha e da castanha despencou. A agricultura se tornou uma alternativa de sobrevivência.”

Alan reforça que um novo plano está em discussão com as associações locais e poderá servir de modelo para outras unidades de conservação.

Produzir com responsabilidade, preservar com justiça

O senador critica o Código Florestal de 2012, que permite o uso de até 80% da terra em regiões como o Sul, enquanto na Amazônia esse percentual é de apenas 20%. Dentro das reservas, a situação é ainda mais restritiva. “Precisamos reformular planos de manejo e atualizar as leis com base na nova realidade da Amazônia”, pontua.

Com a COP30 se aproximando, Alan Rick avalia que o evento pode ser usado tanto para pressionar quanto para reposicionar a narrativa sobre a Amazônia no debate internacional. “O mundo quer que a gente preserve, mas precisa olhar para os 28 milhões de brasileiros que vivem na floresta. Chega de só cobrança. É preciso apresentar alternativas.”

Ele cita a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Créditos de Carbono, aprovado pelo Congresso com emendas de sua autoria, como exemplo de política que pode remunerar a floresta em pé.

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