Rio Branco está prestes a carregar um título incômodo: o de única capital brasileira sem uma Guarda Municipal. O alerta foi feito pelo vereador Samir Bestene (PP) durante audiência pública realizada na manhã desta sexta-feira, 30, na Câmara de Vereadores. Segundo ele, apenas Rio Branco e Cuiabá ainda não criaram a força de segurança, e Porto Velho — que integrava esse grupo — acaba de aprovar seu projeto por unanimidade, deixando a capital acreana isolada.
“Isso é um atraso histórico. É um pedido da população, é um direito constitucional e está previsto na nossa Lei Orgânica. Estamos andando para trás”, criticou o vereador, ao cobrar maior envolvimento do Executivo Municipal. Ele lamentou a ausência do Gabinete Militar da Prefeitura e de representantes da Associação Comercial, convidados a participar do debate.
Samir resgatou os avanços já feitos na pauta, como a criação do Fundo Municipal de Segurança Pública, aprovado na Casa Legislativa e que contou com sua relatoria. “Esse fundo já é um primeiro passo. Mas sem a Guarda, a cidade continua vulnerável aos pequenos furtos e ao abandono da segurança cotidiana”, apontou.
Segundo dados citados na audiência, só com furtos de fios, a Prefeitura já teve um prejuízo estimado em R$ 5 milhões. Apesar de iniciativas como o Plano Rio Branco Mais Segura, com a compra de câmeras de videomonitoramento e convênios com a Polícia Militar, o vereador considera que os resultados ainda são tímidos diante da insegurança generalizada. “Não é só sobre estrutura. É sobre presença, é sobre resposta. A Guarda Municipal é uma política de proximidade que funciona em todo o país. E funciona porque o cidadão vê o poder público mais perto, mais acessível, mais resolutivo”, enfatizou.
Samir destacou que a criação da Guarda Municipal já foi prevista no Plano Plurianual (PPA) do município e tem espaço orçamentário. Em 2024, a Lei Orçamentária Anual destinou mais de R$ 13 milhões para a segurança pública. “É um processo demorado, mas que precisa começar. O projeto precisa ser enviado à Câmara, discutido, aprovado em dois turnos, passar por concurso e formação. Por isso, a discussão tem que começar agora.”
Ao fim da audiência, o parlamentar lamentou o boicote político ao tema. “Disseram que o prefeito é contra. Isso não pode ser desculpa. É preciso convencer, debater, propor. O Legislativo está fazendo sua parte. Agora cabe ao Executivo dar os próximos passos.”
Para Samir, a resistência à proposta não é apenas um erro político, mas um descaso com a população. “O povo nos cobra todos os dias. Nós fomos eleitos para dar respostas — não para virar as costas para a cidade”, finalizou.
