Preço da carne bovina bate recorde nos EUA e ameaça exportações brasileiras

Foto Internet

Os preços da carne bovina atingiram níveis históricos nos Estados Unidos, refletindo uma tempestade perfeita de fatores econômicos e climáticos. Em junho de 2025, o quilo da carne chegou a US$ 9,26 — um aumento de quase 9% desde janeiro, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA. Cortes populares, como bife e carne moída, também dispararam: subiram, respectivamente, 12,4% e 10,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

O cenário reflete uma escassez preocupante de oferta, alimentada por anos de seca prolongada, altos custos de produção e o menor ciclo pecuário norte-americano em oito décadas. O rebanho bovino dos EUA recuou ao menor nível desde 1951, com cerca de 86,7 milhões de cabeças de gado e bezerros — um número que acende o alerta vermelho para o abastecimento de proteína animal no país.

Ao mesmo tempo em que os EUA enfrentam essa crise interna, uma nova barreira ameaça os exportadores brasileiros. O governo norte-americano anunciou uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, que se soma aos atuais 36,4% já aplicados. O impacto pode ser direto na competitividade do Brasil no mercado internacional.

Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), os EUA foram o segundo maior destino da carne bovina brasileira em 2024, respondendo por 16,7% das exportações — o equivalente a 532.653 toneladas e US$ 1,637 bilhão. A imposição tarifária coloca em risco esse fluxo bilionário.

“A combinação entre tarifas elevadas e oferta limitada nos Estados Unidos cria um paradoxo: há alta demanda por carne importada, mas os custos e as barreiras comerciais dificultam o acesso aos mercados”, afirma a entidade.

Brasil: risco e oportunidade

O Brasil, que há anos lidera o mercado global de proteína animal, pode tanto perder espaço quanto encontrar novas oportunidades, a depender das estratégias comerciais e diplomáticas. Com os EUA precisando suprir um déficit entre produção interna e consumo, o apelo por carne brasileira continua — mas os entraves tarifários podem redirecionar esse fluxo a outros mercados, como China, Emirados Árabes e Vietnã.

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