Foto: Cleiton Lopes/Secom
O Acre registrou um salto significativo no número de pessoas indígenas nos últimos anos. Segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado contabiliza 31.694 indígenas, o que representa um crescimento de 80,3% em relação ao levantamento de 2010, quando foram registrados 17.578 indígenas.
Com esse aumento, o Acre passou a ocupar a 13ª colocação entre os estados brasileiros com maior população indígena, à frente de unidades da federação como Amapá, Tocantins e todos os estados da Região Sudeste. O ranking é liderado pelo Amazonas (490.935 indígenas), seguido pela Bahia (229.443) e Mato Grosso do Sul (116.469).
Perfil jovem e desafios de acesso
A análise etária da população indígena acreana mostra um perfil majoritariamente jovem. Mais da metade está concentrada na faixa entre 0 e 24 anos, com presença significativa também entre 25 e 49 anos. A partir dos 50 anos, o número de pessoas começa a diminuir, o que reforça os desafios enfrentados pelas comunidades em termos de saúde, longevidade e condições de vida.
Em relação ao local de moradia, 61,79% dos indígenas vivem em Terras Indígenas oficialmente reconhecidas, enquanto 38,21% estão fora desses territórios, distribuídos em áreas urbanas ou rurais não demarcadas. Essa distribuição reforça a necessidade de políticas públicas adaptadas tanto para as aldeias quanto para os indígenas em contexto urbano.
Alfabetização avança, mas exclusão ainda persiste
A taxa de alfabetização entre os indígenas no Acre chegou a 76,01%, de acordo com o IBGE. Embora o índice seja positivo, ainda revela que quase um quarto da população (23,99%) não sabe ler nem escrever, evidenciando a urgência de investimentos em educação básica e bilíngue nas comunidades originárias.
Municípios com maior população indígena
A presença indígena está espalhada por todos os 22 municípios do estado. As cidades com maior número de indígenas são:
- Feijó – 4.436
- Santa Rosa do Purus – 4.297
- Jordão – 4.115
- Tarauacá – 3.775
- Marechal Thaumaturgo – 3.355
Também se destacam municípios como Cruzeiro do Sul (1.678), Rio Branco (1.827), Sena Madureira (1.681) e Assis Brasil (1.207). Na outra ponta do ranking estadual, Capixaba aparece com a menor população indígena: apenas 7 pessoas se autodeclararam indígenas no município.
Reconhecimento e visibilidade
O crescimento expressivo da população indígena no Acre reforça a importância de políticas públicas voltadas aos povos originários, respeitando suas identidades, línguas e modos de vida. Além disso, o aumento nos números pode refletir também um avanço no reconhecimento identitário e na visibilidade das populações indígenas, sobretudo nas regiões mais isoladas da Amazônia.
O IBGE destaca que o Censo 2022 foi o primeiro a contar com o apoio de lideranças e organizações indígenas em todas as etapas da coleta, o que contribuiu para resultados mais representativos e detalhados sobre essa população.