Pipoca de mandioca, empreendedorismo e resistência feminina na Expoacre

Foto; Correio online

Da floresta boliviana para o Acre

A Expoacre 2025 foi palco de uma estreia especial que atravessou fronteiras. Pela primeira vez, um grupo de mulheres da comunidade de Santa Rosa do Abunã, no Departamento de Pando, na Bolívia, participou da maior feira de agronegócios do Acre — e não passou despercebido. Entre produtos artesanais, sabores intensos e sorrisos acolhedores, o que mais chamou atenção foi a pipoca de mandioca, feita a partir da yuca boliviana, crocante, leve e naturalmente saborosa.

A responsável pelo estande, Sandra Zairo, logo explica com orgulho: “A gente chama de pipoca de yuca, mas aqui para vocês é de mandioca. É um produto nosso, feito com carinho e com a força das mulheres que vivem da floresta e por ela.”

A pipoca, no entanto, é só o início de uma história muito maior.

Mulheres que produzem e resistem

A Associação de Mulheres de Pando é formada por 45 mulheres, das quais cerca de 20 atuam diretamente na produção. O restante participa de atividades como comercialização, redes sociais e captação de parceiros. Sandra, por exemplo, é quem busca mercados e representa o grupo em eventos. “A minha função é fazer os produtos chegarem até vocês”, resume.

Elas vivem e produzem no interior de Pando, uma região boliviana ainda pouco conectada com grandes centros. “Nosso departamento é muito distante das capitais da Bolívia. Para nós, o Acre é mais perto e mais acessível. Aqui podemos mostrar o que fazemos e buscar novos mercados para nossas mulheres.”

Além da pipoca de mandioca, o estande das mulheres bolivianas oferece biscoitos de castanha-do-Brasil e açaí, granola adoçada com açúcar morena, brigadeiros de castanha cristalizada, bombons de copoazú e maracujá, e até marmeladas artesanais. “Tudo é feito com ingredientes locais da Amazônia pandina”, destaca Sandra.

Há ainda espaço para a criatividade: um dos itens que mais chamam atenção são os chaveiros de castanha, artesanais, simples e cheios de simbolismo. “É um presente com a cara da floresta”, diz.

Marca própria e redes sociais

Os produtos carregam o selo Tapec, marca criada pela própria associação. “Tapec representa nossa identidade. É nossa forma de mostrar que sabemos produzir com qualidade e com consciência”, explica Sandra. A associação também marca presença nas redes sociais — no Facebook e no Instagram — como “Associação de Mulheres Pando”, de onde promovem os produtos, a história do grupo e atualizações sobre feiras e eventos.

Mais do que vender, o grupo leva uma causa: manter viva a floresta e garantir renda digna para mulheres em situação de vulnerabilidade. “Cada pacote vendido ajuda a manter em pé o nosso bosque amazônico”, afirma Sandra. “Quando você compra um biscoito, uma pipoca ou uma marmelada, você está ajudando nossas mulheres a continuarem firmes, com dignidade e autonomia.”

Sandra finaliza destacando a receptividade do povo acreano. “É a nossa primeira vez aqui e estamos muito contentes. Muita gente está nos apoiando, provando, elogiando, perguntando. Essa recepção calorosa do povo acreano nos emocionou. Esperamos que seja o início de uma longa amizade entre o Acre e as mulheres de Pando.”

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