Foto: UFAC
Descoberta de espécime pré-histórico pode ajudar a entender fauna extinta da Amazônia há milhões de anos
Um fóssil raro de uma tartaruga gigante pré-histórica foi encontrado por pesquisadores às margens do Rio Acre, no município de Assis Brasil, interior do estado. A descoberta aconteceu durante uma expedição científica na comunidade conhecida como Boca dos Patos, localizada na Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre, próximo à fronteira com o Peru.
O fóssil pertence à espécie Stupendemys geographicus, considerada a maior tartaruga de água doce que já existiu. Estima-se que o animal tenha vivido há cerca de 13 milhões de anos, durante o período Mioceno. O achado é um dos mais relevantes da paleontologia amazônica nos últimos anos.
A expedição reúne pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outras instituições, dentro do projeto “Novas fronteiras no registro fossilífero da Amazônia Sul-Ocidental”, financiado pelo CNPq, Fapac e Fapesp.
Transporte desafiador
Devido ao tamanho e peso do fóssil, o transporte até a capital, Rio Branco, tem sido feito de forma cuidadosa. O trajeto da área urbana até o local de escavação leva cerca de cinco horas, combinando deslocamento por barco e carro. Uma tentativa de remover o fóssil em uma caminhonete não teve sucesso, e a equipe aguarda o envio de um caminhão da universidade para concluir o transporte.
“Nunca vimos um exemplar tão grande e bem preservado aqui na região. Isso representa um passo importante para entender os animais que habitaram a Amazônia no passado”, afirmou o professor e biólogo Carlos D’Apolito Júnior, da Ufac, coordenador da equipe.
Uma carapaça impressionante
Embora a equipe ainda não tenha medido oficialmente o exemplar encontrado, estudos anteriores indicam que a Stupendemys geographicus podia atingir mais de 3 metros de comprimento. Em expedições anteriores na Venezuela e Colômbia, pesquisadores já haviam encontrado partes da carapaça e mandíbula da mesma espécie.
De acordo com o paleontólogo Edson Guilherme, também da Ufac, a carapaça encontrada no Acre está incompleta, mas permitirá estimar com precisão o tamanho do animal após os estudos laboratoriais.
Pesquisa em áreas pouco exploradas
O projeto busca mapear regiões remotas da Amazônia sul-ocidental, com foco em rios pouco explorados, especialmente no Acre. A proposta é identificar fósseis que possam revelar detalhes sobre a fauna extinta e os ambientes que existiram na floresta há milhões de anos.
Participam da expedição os pesquisadores Carlos D’Apolito, Ighor Mendes, Adriana Kloster, Francisco Ricardo Negri e Edson Guilherme (Ufac); Karina Alencar, Edson Jorge Pazini, Gabriel Barbosa, Annie S. Hsiou (USP – Ribeirão Preto) e Alessandro Batezzeli (Unicamp).