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Diretora da ABDI aposta em modelo de desenvolvimento com base na vocação produtiva dos territórios e anuncia investimento de R$ 6 milhões para a indústria do açaí em Feijó
O anúncio da instalação da primeira indústria de açaí com selo de Indicação Geográfica (IG) do Brasil, em Feijó, no Acre, foi marcado por uma fala estratégica da diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Perpétua Almeida. Com olhar voltado à valorização da economia local e ao fortalecimento de arranjos produtivos regionais, ela afirmou que o investimento de R$ 6 milhões na nova indústria representa mais do que a construção de uma fábrica: é um marco para a soberania produtiva amazônica.
“Essa indústria tem o potencial de se tornar um polo regional de bioeconomia. Nossa ideia é que ela receba também a produção de Tarauacá e da região do Envira, consolidando um modelo com identidade local, valor agregado e geração de renda para quem vive na floresta”, declarou Perpétua.
Segundo ela, o projeto não nasce apenas de uma estratégia econômica, mas do reconhecimento da vocação natural dos territórios amazônicos. “Fomentar indústrias locais é fomentar o Brasil profundo. É dar resposta concreta à população que há anos trabalha com o açaí, mas nunca teve acesso a um processo justo de industrialização. Estamos fazendo isso agora.”
O investimento da ABDI será feito em duas etapas de R$ 3 milhões, destinadas à construção e equipagem da fábrica, que será gerida pela Cooperativa Acaicoop. Para Perpétua, o apoio à cooperativa representa uma aposta no protagonismo popular e na economia colaborativa, pilares essenciais de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia.
A diretora da ABDI destacou ainda que o projeto ajuda a romper com o histórico de invisibilidade dos produtos amazônicos. “É simbólico que o açaí de Feijó, agora com selo de procedência, passe a ser processado em sua própria terra. Estamos saindo da lógica do extrativismo bruto para a construção de cadeias produtivas completas e sustentáveis”, enfatizou.
Perpétua defendeu que a implantação da indústria é um passo para que outros municípios da região invistam na valorização de produtos nativos, como castanha, buriti, copaíba e outras frutas regionais. “A Amazônia tem futuro — e ele passa pela floresta em pé, pelas comunidades fortalecidas e pela bioeconomia organizada.”