OMS alerta: surtos de doenças evitáveis ameaçam avanços da vacinação global

Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Durante a Semana Mundial de Imunização, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Unicef e a Aliança Gavi emitiram um alerta preocupante: o mundo está enfrentando um aumento de surtos de doenças que poderiam ser prevenidas por vacinas, como sarampo, meningite e febre amarela. O cenário é agravado pela desinformação, crises humanitárias, crescimento populacional e cortes no financiamento internacional, fatores que comprometem décadas de progresso na saúde pública global.

Segundo as entidades, doenças que estavam praticamente controladas ou até erradicadas em alguns países, como a difteria, correm o risco de ressurgir. As agências pedem atenção política urgente, reforço no financiamento e a reorganização de programas de imunização, especialmente em países de baixa e média renda.

Vacinas salvam milhões de vidas

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que as vacinas salvaram mais de 150 milhões de vidas nas últimas cinco décadas, o que representa mais de 4 milhões por ano. Segundo ele, crianças nascidas hoje têm 40% mais chance de sobreviver ao primeiro ano de vida do que há 50 anos graças à vacinação.

“Com novas vacinas contra a malária e o câncer do colo do útero, salvamos ainda mais vidas. Mas os cortes no financiamento ameaçam esses avanços. As vacinas não protegem apenas indivíduos, mas também sociedades e economias”, destacou Tedros.

Sarampo volta com força

O sarampo é apontado pela OMS como a ameaça mais crítica neste momento. Em 2023, foram registrados mais de 10 milhões de casos da doença — um aumento de 20% em relação a 2022. Nos últimos 12 meses, 138 países relataram casos, sendo que 61 enfrentaram surtos classificados como grandes ou disruptivos — o maior número desde 2019.

Meningite avança na África

A meningite também preocupa. Só nos três primeiros meses de 2024, foram relatados mais de 5,5 mil casos suspeitos e quase 300 mortes em 22 países africanos. Em todo o ano de 2023, foram mais de 26 mil casos e quase 1,4 mil óbitos registrados.

Febre amarela ressurge

Na região africana, a febre amarela registrou 124 casos confirmados em 12 países neste ano. Já nas Américas, 131 casos foram notificados em pelo menos quatro países, incluindo o Brasil.

Esses números contrastam com a tendência de queda da última década, atribuída aos programas de vacinação de rotina e estoques globais da vacina.

Impacto do corte de verbas

Um levantamento da OMS com 108 escritórios da organização revelou que quase metade enfrenta interrupções graves em campanhas de vacinação e dificuldades no acesso a insumos. A vigilância de doenças também foi afetada em mais da metade dos países pesquisados.

Crianças não vacinadas aumentam

O número de crianças que não receberam todas as vacinas de rotina continua subindo. Em 2023, 14,5 milhões de crianças ficaram sem a imunização completa, número superior aos 13,9 milhões em 2022 e aos 12,9 milhões em 2019.

Mais da metade dessas crianças vive em zonas de conflito ou instabilidade, onde o acesso aos serviços básicos de saúde é precário.

“Estamos vendo interrupções em quase 50 países, com retrocessos comparáveis ao período da pandemia de covid-19. Não podemos permitir essa regressão na luta contra doenças evitáveis”, alertou Catherine Russell, diretora executiva do Unicef.

Com informações Agência Brasil
Foto Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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