Coluna

O GRITO DA PRAÇA

Por Marcela Jansen

“Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”.
(Ronald Reagan)

O GRITO DA PRAÇA

Mais de 300 servidores na frente do Palácio não foram suficientes pra arrancar mais que uma nota protocolar do governo. Gladson Cameli parece governar do alto da torre — sem escutar quem carrega o piano do Estado nas costas.

FOTO – Divulgação

20% DE SILÊNCIO

Enquanto os sindicatos pedem 20,39% de reajuste, o governo oferece 5,08% e silêncio. É como jogar água numa panela fervendo e esperar que a ebulição cesse com oração.

AUXÍLIO VERGONHA

O auxílio-alimentação de R$ 420 é uma piada sem graça. E o governo ainda bate no peito dizendo que valoriza o servidor. Valoriza? Com esse vale-miséria, é mais fácil acreditar em promessa de político na véspera da eleição.

DESGOVERNO NO DIÁLOGO

Quem acompanha de perto sabe: Gladson sumiu do radar das categorias. Nem recebe, nem responde, nem manda emissário. A máquina pública segue no automático, com o povo servindo ao Estado e o Estado servindo a ninguém.

LRF SELETIVA

O discurso do “limite da LRF” é seletivo. Serve pra negar salário digno, mas não impede contrato milionário com empresa amiga, nem propaganda institucional em horário nobre. Tem dinheiro, sim — só falta prioridade.

A RAIVA ESTÁ UNIFICADA

Trinta sindicatos juntos. Educação, saúde, segurança. Quando todas essas categorias se unem, é porque o governo cruzou o ponto sem retorno. A greve geral não é mais ameaça: virou estratégia.

GLADSON NA BOLHA

Enquanto o funcionalismo sangra, o governador posta vídeo de obra, visita pastelaria e grava dancinha no interior. Gestão TikTok não segura Estado.

TROCA NO TABULEIRO

Rutênio Sá deve sair da liderança da Prefeitura na Câmara sem barulho, como foi sua atuação no posto. Discreto, evitou fogo cruzado com a oposição, mas também não virou escudo de Bocalom.

DNA DE 2026

A movimentação tem DNA de 2026: União Brasil quer pôr Rutênio em campo para disputar vaga na Aleac. A liderança vai para o colo de Márcio Mustafa, que já vinha ensaiando o papel. O Palácio diz que é tudo combinado. Pode até ser. Mas em ano pré-eleitoral, até troca “pacífica” tem recado nas entrelinhas.

SÉRGIO LOPES NA PISTA

Quem acompanha os bastidores do Alto Acre já sacou: o prefeito de Epitaciolândia, Delegado Sérgio Lopes, começou a entrar no radar das apostas para a Aleac em 2026. Tem gestão bem avaliada, fala firme, zero escândalo e bom trânsito com governo e oposição. Cresce em silêncio, sem fazer estardalhaço, como todo nome que incomoda. Se decidir ir, vai comendo pelas beiradas — e pode surpreender muita gente na capital que ainda acha que o interior só serve pra bater palma.

PODEMOS?

A esperada fusão entre PSDB e Podemos implodiu, e quem sentiu o baque direto foi Ney Amorim. Com o tabuleiro federal já quase desenhado na parceria com os tucanos, agora ele precisa refazer o jogo do zero — e sozinho.

DESAFIO DE ALTO RISCO

No Podemos puro-sangue, montar chapa competitiva para a Câmara Federal virou desafio de alto risco. Ney ainda tem nome, tem fôlego, tem história. Mas sem esteira partidária forte, vai ter que mostrar que ainda sabe fazer milagre com pouco. E o tempo já começou a correr.

MDB E O DILEMA DAS VAIDADES

O MDB tem estrutura, fundo, tempo e nomes. O que falta? Unidade. Cada um acha que é maior que o partido. Se não resolverem isso logo, vão sair fortes… mas divididos. E a conta virá nas urnas.

PT JOGA NO SEGURO

O PT deve lançar nomes conhecidos, com forte apoio de base e um olho no quociente. Não vai inventar. Quer garantir pelo menos uma cadeira e trabalhar a legenda no varejo — militância é trunfo quando o dinheiro é curto.

PL DE OLHO NA POLARIZAÇÃO

Com Bolsonaro ainda no palanque, o PL aposta no voto ideológico para empurrar nomes pouco conhecidos. A legenda aposta que basta vestir a camisa do “mito” pra garantir vaga. Pode dar certo — ou virar um fiasco silencioso.

A APOSTA DOS NOVATOS

Tem muito nome novo tentando cavar espaço nas chapas. Gente da segurança, evangélicos, ex-secretários, vereadores do interior. Todo mundo com voto pulverizado e sonho de Brasília. Mas sem nominata bem montada, o destino é o limbo.

CÂMARA VAI FERVER

A disputa pelas oito vagas federais do Acre deve ser a mais acirrada da década. Os grandes nomes estão inseguros. Os pequenos, animados. E o eleitor, cansado. Quem entender isso, tem vantagem.

MOTIVO OBSCURO

A saída da ex-secretária Sheila da equipe de confiança de Bocalom pegou até aliados de surpresa. Fiel, discreta e alinhada ao prefeito, ela não dava sinais de desgaste. A versão oficial? Nenhuma. O motivo real? Ainda guardado a sete chaves. Quando a justificativa é o silêncio, o bastidor fala mais alto. E neste caso, parece que tem mais coisa do que a porta fechada da Saúde revela.

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