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O município de Brasiléia, no Alto Acre, tornou-se a principal porta de saída da soja produzida no estado para o mercado internacional. Os dados do primeiro Boletim de Grãos do Acre, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeac), revelam que todo o volume exportado no primeiro semestre de 2025 saiu do município em direção ao Peru.
Mesmo com a queda de 8% no preço médio da saca de 60 quilos — que recuou de 22,40 dólares para 20,61 dólares —, o Acre ampliou sua presença no comércio exterior, registrando alta de 69% no volume exportado e de 55% na receita, que chegou a 44 mil dólares no período.
O que explica o crescimento, mesmo em um cenário de preços mais baixos, é a proximidade logística e a consolidação de uma rota natural. Brasiléia se beneficia de sua posição geográfica junto à fronteira, que reduz custos de transporte e garante acesso rápido ao mercado peruano. O Peru, por sua vez, amplia a demanda por grãos brasileiros para abastecer cadeias de proteína animal e atender a setores industriais, fortalecendo um fluxo comercial que já vinha em crescimento nos últimos anos.
O avanço do corredor internacional aponta para um redesenho da economia regional. A soja, que já responde por 64,3 mil toneladas na safra 2024/2025, ganha espaço não apenas no mercado interestadual — que movimentou R$ 53,8 milhões entre janeiro e junho —, mas também em contratos de exportação que tendem a se ampliar a partir de Brasiléia.
O desafio agora é estruturar a logística da região para sustentar esse crescimento. Armazenagem, pontos de transbordo e contratos de médio e longo prazo com compradores peruanos estão no centro da agenda de produtores e tradings.
A fronteira da safra, como já vem sendo chamada por técnicos e produtores, não é apenas uma passagem comercial: é um marco da integração produtiva do Acre com o cenário amazônico e internacional.
