O Alzheimer – onde o tempo se desfaz

De repente, lembranças memoráveis se perdem no tempo,
E são levadas pelo vento, para o abismo profundo da mente
Lembranças que ficam perdidas no passado, e, agora,
não mais reveladas

Às vezes, lembranças até surgem, em flashs momentâneos, fugidios,
Que retratam exatamente a beleza de momentos vividos intensamente,
Que retratam verdadeiramente o amor sentido pelos seus queridos.

Mas logo tal despertar volta a adormecer, num sono profundo,
Num quartinho trancado por dentro, cuja chave está perdida no emaranhado
de pensamentos, e sentimentos.

A razão se despede da mente, mas as a emoção insiste em ficar,
Em vir à tona, como o mais belo e intenso expressar da alma,
Que não dorme, que não desiste.
A emoção ressurge em pequenos instantes, que logo se perdem no ar do silêncio,
Do silêncio ensurdecedor.

Perde-se o sentido do existir, do porvir, do subsistir.

É como uma névoa acizentada a encobrir o esplendor do céu
É como um véu a encobrir todo o espetáculo vivenciado no palco da sua vida
É estar no mundo, e o mundo não estar em si
É ter o mapa da sua vida guardado, e não saber utilizá-lo
É estar num labirinto indecifrável e infindável
É como um diário guardado que, alguém, cruelmente, escondeu.

É preciso muito amor,
É preciso um lar em flor,
Para acolher e compreender.

É amar sem esperar nada em troca
É se entregar de corpo e alma num oceano de emoções nunca sentidas,
E, por vezes, tão doloridas, sofridas.

Afinal, dói na alma não ser reconhecido por quem tanto amamos
Ver olhos outrora tão radiantes, e agora tão distantes.
É duramente dilacerante.

Mas a cada novo dia, a cada novo nascer do sol,
Uma nova oportunidade a se apresentar, de amor ali despertar
De alegrias levar, e histórias de vida contar
De emoções aflorar.

Todos os dias uma página em branco surgirá para ser desenhada com cores vibrantes,
a despertar o coração outrora pulsante.

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