“O Acre vive um novo modelo de produção sustentável”, afirma Orlando Sabino

Foto: Reprodução 

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O economista e professor Orlando Sabino, afirmou durante audiência pública na Câmara Municipal de Rio Branco que o estado vive “um novo momento do cooperativismo agroextrativista”, marcado pela união entre ciência, gestão e sustentabilidade. O estudo apresentado pelo docente é resultado do Projeto Legal, grupo de pesquisa e extensão da Universidade Federal do Acre (Ufac), coordenado pelo economista Valdomiro Rocha, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras no Acre (OCB/AC).

Segundo Sabino, a pesquisa analisou cinco cooperativas agroextrativistas, localizadas nos municípios de Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul, Capixaba, Xapuri e Brasileia. O levantamento revelou uma nova fase de maturidade nas cooperativas, que passaram a adotar governança, planejamento estratégico e diversificação produtiva.

“Estamos diante de um novo cooperativismo no Acre, diferente daquele dos anos 1990. Ele é mais técnico, mais planejado e sustentado pelo conhecimento científico”, explicou o economista.

Entre os pontos que sustentam essa nova fase está o fortalecimento da Cooperacre, considerada um divisor de águas na organização da cadeia produtiva amazônica. A central reúne mais de 2.500 famílias em 18 municípios, sendo hoje a maior produtora de castanha beneficiada do Brasil, com exportações para diversos países.

“Antes, as cooperativas atuavam isoladas, sem volume de produção nem poder de negociação. A Cooperacre criou uma rede que integra produção, beneficiamento e comercialização, o que muda completamente o cenário do cooperativismo rural”, destacou Sabino.

Diversificação e sustentabilidade

O estudo aponta que a diversificação produtiva é uma das principais lições aprendidas após o fechamento de experiências anteriores. As cooperativas atuais estão ampliando a atuação para café, cacau e fruticultura, reduzindo a dependência de produtos tradicionais como borracha e castanha.

Outro ponto central é o respeito ambiental e social. Diversas cooperativas mantêm contratos com empresas internacionais, como a francesa Veja, que adquire borracha nativa mediante o cumprimento de critérios de conservação florestal. “Essas parcerias mostram que é possível gerar renda preservando a floresta. É o pagamento por serviços ambientais acontecendo na prática”, reforçou o pesquisador.

Chamado ao poder público

O pesquisador defendeu maior envolvimento do poder público e do parlamento municipal no fortalecimento das cooperativas, especialmente no acesso ao crédito, transporte e infraestrutura básica. “As cooperativas estão fazendo o dever de casa, mas ainda faltam ramais, pontes e apoio técnico. O Estado precisa se aproximar mais dessa nova realidade produtiva”, disse.

Por fim, Sabino resumiu o espírito do novo cooperativismo acreano. “Cooperar é semear o futuro do Acre. Quando o trabalho se une ao meio ambiente, nasce um novo jeito de produzir, solidário, sustentável e cheio de esperança. Sozinhos somos poucos, mas juntos somos florestas. E com apoio, somos o futuro.”

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