“Não falta produção, falta governo que compre”, denuncia extrativista sobre abandono

Foto reprodução

A extrativista Leide Aquino, coordenadora regional do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), emocionou a plateia do TXAI Amazônia ao denunciar as contradições das políticas públicas ambientais que, no papel, parecem avançadas, mas não chegam às comunidades da floresta. “A gente tem o programa, o recurso e quem produz. Mas ninguém compra da gente. A política não se efetiva na ponta”, disse, referindo-se ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que deveria comprar produtos de cooperativas da agricultura familiar e extrativista.

Moradora da Reserva Extrativista Chico Mendes, Leide criticou a narrativa que associa preservação ao atraso. “Dizem que preservar floresta é ser contra o progresso. Mas quem vive sem floresta é quem mais depende do governo para comer. A floresta garante autonomia.”

Leide também cobrou que as políticas públicas considerem os efeitos das mudanças climáticas já sentidos nas reservas. “A gente planta e tudo morre com a estiagem. Não basta mais só o saber tradicional. Precisamos de tecnologia adaptada ao nosso território.”

Ela citou casos concretos de mulheres que lideram cooperativas e empreendimentos sustentáveis sem acesso a nenhuma das políticas listadas como prioritárias. “Elas fazem acontecer mesmo sem apoio. O que falta é sair do papel e botar o pé na floresta.”

A extrativista encerrou pedindo respeito aos modos de vida tradicionais. “Casa de palha não é sinal de miséria. É cultura, é frescor, é saber viver. A vergonha está em quem não respeita isso.”

Compartilhar