MP do Acre investiga morte de gestante e bebê na Maternidade do Juruá

Foto Divulgação

Cinco dias de internação, dor crescente e um desfecho trágico. A morte da gestante Ana Cleide Cruz de Souza, de 39 anos, e de sua filha, ainda no ventre, ocorrida na última terça-feira, 20, na Maternidade do Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, segue repercutindo em Cruzeiro do Sul e em todo o Vale do Juruá. Moradora de Mâncio Lima, Ana Cleide buscou atendimento médico no dia 15 de maio, relatando rompimento da bolsa e dores intensas. Ela não saiu com vida da unidade.

Diante da gravidade do caso e das denúncias da família sobre demora e falhas no atendimento, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) decidiu abrir uma investigação preliminar para apurar as circunstâncias da morte. A medida foi tomada pela Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul e visa esclarecer se houve negligência ou falha na condução clínica da paciente durante os cinco dias de internação.

Mensagens trocadas entre Ana Cleide e familiares, às quais o Correio OnLine teve acesso, apontam que a gestante chegou a relatar febre alta, calafrios e dores persistentes, além de queixas relacionadas à demora na avaliação médica. Segundo familiares, o estado de saúde da paciente se agravava a cada dia, sem resposta adequada da equipe de plantão.

O MPAC informou que está reunindo documentos, laudos e depoimentos para avaliar a conduta dos profissionais de saúde envolvidos e a estrutura de atendimento da maternidade. A depender das conclusões, a investigação pode resultar em responsabilizações administrativas, civis ou até criminais.

A direção do hospital ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.

Relembre o caso

Ana Cleide Cruz foi encaminhada à maternidade de Cruzeiro do Sul após apresentar sinais de trabalho de parto precoce e ruptura da bolsa amniótica. Mesmo com os sintomas, a internação se prolongou por cinco dias, sem que houvesse uma intervenção decisiva. O óbito da mãe e da bebê foi confirmado na noite do dia 20 de maio.

Moradores do Vale do Juruá têm se manifestado nas redes sociais pedindo respostas das autoridades e melhorias no atendimento às gestantes na rede pública de saúde. O caso levanta novamente o alerta para a violência obstétrica e a fragilidade do sistema materno-infantil no interior do Acre.

Compartilhar