Movimento Junino corre risco de desaparecer por falta de apoio da prefeitura, alerta André Kamai

Foto assessoria

O vereador André Kamai (PT) fez um discurso contundente durante sessão na Câmara Municipal de Rio Branco, na terça-feira, 15, para denunciar o que chamou de “desmonte” das políticas culturais no município. Segundo ele, o calendário junino, que envolve milhares de pessoas e movimenta a economia criativa nas periferias da Capital, está ameaçado por falta de apoio financeiro da prefeitura.

Kamai citou diretamente a redução drástica no repasse de recursos ao Fundo Municipal de Cultura, que em 2022 chegou ao maior volume nominal da história, mas que, no ano seguinte, foi drasticamente esvaziado. “O prefeito, o próprio prefeito que tinha colocado lá o valor nominal, sequestrou todo o recurso da cultura e dedica agora apenas cerca de R$ 300 mil para que todos os movimentos culturais possam acessar através dos editais”, afirmou.

De acordo com o parlamentar, os valores foram retirados da gestão democrática e redirecionados para um “balcão” de favorecimento político. “O dinheiro foi para um balcão. Que o secretário de plantão distribui como quer, do jeito que quer e para quem quer”, criticou Kamai.

Calendário junino ameaçado

A principal denúncia de Kamai é a exclusão do calendário junino da programação oficial da prefeitura este ano. As quadrilhas, que se tornaram patrimônio histórico do estado do Acre por iniciativa do deputado Pedro Longo, estariam fora dos planos do Executivo municipal, conforme relato de integrantes do movimento cultural.

“Essas pessoas procuraram a prefeitura de Rio Branco e receberam a informação de que esse ano não tem dinheiro para o calendário junino, que custa cerca de meio milhão de reais. O próprio prefeito disse que não tem dinheiro”, declarou Kamai.

A fala do vereador ganhou ainda mais força ao comparar o corte com os gastos do município em outras áreas. “Sabe quanto vai custar para os cofres da prefeitura o aumento dos secretários? Quatro milhões de reais. O Réveillon e o Carnaval foram cerca de oito milhões de reais. Na verdade, não é que não tem dinheiro. É que tem uma escolha de não ajudar e não colaborar com o movimento junino.”

Cultura como pilar da economia

O parlamentar lembrou que cada grupo de quadrilha investe, independentemente do apoio da prefeitura, mais de R$ 100 mil na preparação de suas apresentações. “Esses grupos garantem uma movimentação financeira no período do calendário junino de cerca de R$ 5 milhões na cidade de Rio Branco”, pontuou.

Kamai também rebateu duramente uma declaração atribuída ao secretário Municipal de Cultura, que teria se referido ao movimento como algo ligado a “luxo” e “realeza”. “Isso é uma falta de respeito. Isso é um absurdo. Isso é coisa de quem não conhece o trabalho que essas pessoas fazem. O secretário de Cultura devia se envergonhar de ser o coveiro do movimento cultural em Rio Branco.”

Finalizando seu pronunciamento, Kamai citou uma frase do próprio prefeito: “O prefeito de Rio Branco sempre diz que, se não roubar, dá. E aí eu quero saber: por que que não está dando? Porque não tem dinheiro para cultura, mas tem dinheiro para passear em Brasília com a chefe de gabinete dele”.

Compartilhar