Moradores do bairro Cidade Nova começam a limpar as casas após enchente

Foto: Melícia Moura/Rede Amazônica Acre

A autônoma Maria Ivaneide de Brito olha com tristeza para o lugar que antes era verde e cheio de hortaliças e verduras. A cena visualizada na parte de trás da casa neste domingo (10) é de lama e muita sujeira. Maria vive na Rua Guajara, no bairro Cidade Nova, no Segundo Distrito de Rio Branco, uma das áreas mais afetadas pela cheia.

Ela e outras famílias começaram a limpar as moradias neste domingo. A limpeza é possível por conta da vazante do Rio Acre após uma enchente histórica na capital acreana. Os moradores estavam instalados na casa de parentes ou conhecidos.

“Perdi minhas hortas, minha macaxeira, minhas bananas, perdi tudo. E a maior parte dos móveis da minha filha, que mora mais baixo do que eu. Molhou cama, sofá, tudo. É uma tristeza pra quem mora na área alagada”, lamentou a moradora.

O nível do Rio Acre segue baixando e reduziu mais de um metro entre a manhã de sábado (9) e o início da tarde deste domingo (10) na capital acreana. O manancial saiu de 16,20 metros para 14,90 metros, respectivamente.

Com a vazante, cerca de 40 famílias já deixaram por conta própria os abrigos montados pela Prefeitura de Rio Branco. Contudo, a Defesa Civil Municipal explicou que essas pessoas não foram liberadas a voltarem, porém, receberam assistência com sacolões e kits de limpeza.

Uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve em dois pontos e conversou com os moradores. A autônoma Maria Gessina mora no bairro Boa União, na Baixada da Sobral, e teve a rua alagada pelas águas do Rio Acre.

Maria Ivaneide mora na Rua Guajara há 25 anos e disse que todo ano enfrenta uma enchente. Ela diz que sonha em sair da região e morar em uma área que não seja inundada pelas águas do Rio Acre. Apesar da limpeza, ela diz que não pretende voltar para casa agora.

Moradora mostra onde a água chegou dentro de casa em Rio Branco — Foto: Melícia Moura/Rede Amazônica Acre

“Não tenho para onde ir. A gente prefere sair de um bairro pro outro, mas fica difícil. Mas, um dia, em nome de Jesus, saio do bairro Cidade de Nova. Eu, pelo menos, meu maior desejo e sair da alagação porque não aguento mais. Tem o problema de coluna, hernia na coluna, é muito sofrimento. Não tenho idade mais pra viver nesse sofrimento”, lamentou.

A zeladora Maria Aparecida disse que todo ano precisa sair de casa por conta da enchente. Ano passado, ela relembra que perdeu alguns imóveis durante a cheia histórica. Este ano, os pertences foram retirados e levados para a casa da irmã dela logo que a água começou a subir.

Após enfrentar duas cheias históricas seguidas, disse que só pensar em voltar para a casa e começar tudo de novo. “Todo ano mesmo transtorno. Demoramos a sair esperando a água baixar, mas, como Brasiléia estava muito cheia, a gente sabia que essa água vinha pra cá, então, saímos logo. Tocar a vida pra frente, amanhã já vou trabalhar. Graças a Deus que eu voltei pra casa”, confirmou.

A assessora parlamentar Francisca Sônia mora no bairro Cidade Nova desde a infância sofre com as cheias do Rio Acre. Ela recorda que, antigamente, as enchentes não eram frequentes como agora.

Assessora parlamentar enfrentou mais uma enchente este ano — Foto: Melícia Moura/Rede Amazônica Acre

“No mês de março do ano passado teve alagação e antes de fazer um ano já teve novamente. Estamos fazendo a limpeza, aproveitando esse final de semana para fazer a limpeza. Muito cansativo, é muito trabalho, é muita lama, muito mau cheiro. Mas a gente tem que limpar, que tem que voltar pra casa”, falou.

 

g1 acre

 

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