Moradores da Penha levam dezenas de corpos à praça após operação mais letal da história do Rio – VEJA O VÍDEO

Foto: Reprodução

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Rio de Janeiro – A madrugada desta quarta-feira (29) foi marcada por cenas de desespero e indignação no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Moradores levaram pelo menos 50 corpos até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, um dos principais acessos da comunidade, em protesto e tentativa de chamar atenção das autoridades após a operação policial mais letal da história do estado.

De acordo com o governo do Rio de Janeiro, 60 suspeitos e quatro policiais morreram durante os confrontos ocorridos entre segunda e terça-feira. Ainda não há confirmação se os corpos deixados na praça fazem parte dessa contagem oficial ou se representam novas vítimas, o que pode elevar o número total de mortos.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, informou que foi notificado sobre o episódio e determinou a apuração imediata do caso. “Estamos verificando as informações e acompanhando as equipes no local para entender o que de fato ocorreu”, declarou o coronel.

Os confrontos mais intensos aconteceram na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, região que separa os complexos da Penha e do Alemão. Moradores relatam que ainda há corpos espalhados na parte alta do morro e que o resgate tem sido feito por familiares e voluntários, diante da dificuldade de acesso.

Entre os que ajudaram a retirar os corpos está o ativista comunitário Raull Santiago, morador da favela. “Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido. É brutal e violento num nível que não dá pra comparar com nada do que já vivemos”, afirmou.

Durante a manhã, ao menos cinco corpos foram levados em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, em Penha Circular. O veículo chegou em alta velocidade e deixou o local logo em seguida. A cena foi registrada por moradores, que denunciam o abandono das vítimas e a falta de atendimento imediato na região.

Enquanto as autoridades tentam confirmar o número exato de mortos, o clima na comunidade é de medo, luto e revolta. Parentes das vítimas se reuniram em frente à praça para rezar e prestar homenagens, enquanto aguardam informações oficiais sobre os desaparecidos.

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