Foto: Sérgio Vale
A médica e deputada estadual Michelle Melo (PDT) subiu o tom contra a gestão da saúde pública no Acre durante a sessão desta quarta-feira (21) na Assembleia Legislativa. Da tribuna, ela denunciou o colapso silencioso que se instalou na rede de atenção materno-infantil, com casos recorrentes de mortes evitáveis em unidades como a maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco.
“O Acre se tornou o pior lugar para nascer. Nossas mães estão morrendo grávidas, e nossas crianças estão morrendo por falta de assistência básica”, disparou.
A fala contundente veio acompanhada de denúncias específicas. Michelle relatou que gestantes de alto risco enfrentam uma fila desorganizada e sem transparência na principal maternidade do estado. “Elas me dizem: ‘estamos doentes e nem sabemos nossa posição na fila do pré-natal’. Isso é desumano”, criticou.
A parlamentar também trouxe à tona um caso recente de uma criança que morreu por infecção após sofrer um corte com a bicicleta — episódio que, segundo ela, escancara a negligência que atravessa o sistema. “Como médica, afirmo: essa morte era absolutamente evitável.”
Além dos problemas estruturais, Michelle questionou a nomeação de um servidor acusado de assédio moral para chefiar a ouvidoria da saúde. “Como uma pessoa que sofreu assédio vai denunciar o próprio assediador na ouvidoria? A estrutura está invertida. A dor virou estatística.”
Para a deputada, o governo insiste em minimizar as denúncias, classificando-as como ataques políticos. “Não é oposição. É realidade. E a realidade está matando mães e filhos neste estado.”
