Mercado Municipal do Peixe de Cruzeiro do Sul vira vitrine da produção familiar

Foto Correio online

Entre bancas de alvenaria cobertas por cores vibrantes de frutas, verduras e peixes recém-pescados, o Mercado Municipal do Peixe Resene de Souza Lima, em Cruzeiro do Sul, tornou-se mais que um ponto de venda: é o retrato vivo da economia que nasce da terra e dos rios do Juruá.

Organizado, limpo e movimentado, o espaço concentra boa parte da produção agrícola e da piscicultura familiar da região, aproximando o produtor rural do consumidor urbano — sem atravessadores, sem grandes redes, sem rótulos industriais. Aqui, o alimento tem rosto, sotaque e história local.

 

Em um mesmo corredor, é possível encontrar pitambaqui sem espinha, matrinxã, filhote, curimatã e pintado lado a lado com abacaxi, cheiro-verde, vinagreira, macaxeira, pimentão, tomate e garrafas de sucos e tucupi artesanal. A diversidade impressiona tanto quanto a disposição dos produtos, cuidadosamente organizados sobre bancadas de granito.

Os preços acessíveis também são um atrativo. O quilo do peixe varia de R$ 15 a R$ 30, dependendo da espécie e do preparo. A venda é direta e, em muitos casos, com direito à limpeza e filetagem na hora. Na parte da feira dedicada às hortaliças, os produtos são frescos, colhidos no dia ou na véspera, a poucos quilômetros dali.

No centro do mercado, as bandeiras do Brasil dividem espaço com murais coloridos e logotipos das associações que representam os trabalhadores do pescado — um lembrete de que ali há organização, resistência e muito trabalho.

Mais do que abastecer a mesa das famílias de Cruzeiro, o Resene de Souza Lima se firma como um ponto de fortalecimento da agricultura familiar e da soberania alimentar no interior do Acre. O que antes era vendido em caixas de isopor, na rua ou com dificuldade de escoamento, hoje ganha estrutura, valorização e espaço digno.

 

 

O mercado não é apenas um espaço comercial. É o elo entre o que a floresta produz e o que a cidade consome. Em tempos de insegurança alimentar e produtos industrializados a preços abusivos, ele representa uma alternativa real: comida de verdade, feita por gente daqui.

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