Foto: Marcos Nunes/Agência O Globo
O cantor MC Poze do Rodo foi liberado na tarde desta terça-feira (4) do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, após decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJ-RJ). A soltura foi marcada por tumulto na porta do presídio, que registrou aglomeração de fãs e confusão com a chegada do também cantor Oruam, que subiu em um ônibus e agitou a multidão, exigindo a intervenção da Polícia Militar com uso de gás de pimenta para conter o público.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) confirmou que o alvará de soltura de MC Poze foi recebido às 14h16 e que os procedimentos legais para a liberação foram imediatamente iniciados.
Prisão e liberdade com restrições
MC Poze, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto e Silva, havia sido preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, no último dia 29, por suspeita de apologia ao tráfico de drogas. Ele é investigado por tráfico, associação criminosa e incitação ao crime. No momento da prisão, foi conduzido sem camisa e descalço, o que gerou críticas à atuação da polícia.
O desembargador Peterson Barroso Simão, ao conceder o habeas corpus, afirmou que o material já apreendido seria suficiente para a continuidade das investigações, sem necessidade de manter o cantor preso. Segundo ele, não há provas de que o artista estivesse com drogas, armas ou qualquer item ilícito.
Como parte das medidas cautelares, MC Poze deverá se apresentar à Justiça periodicamente, está proibido de deixar o estado do Rio e não poderá manter contato com investigados ou pessoas associadas ao Comando Vermelho.
Críticas à atuação policial
O magistrado também criticou a forma como a prisão foi conduzida. Em sua decisão, afirmou haver “indícios que comprometem o procedimento regular da polícia”, citando o uso de algemas e a exposição midiática do cantor. O desembargador destacou ainda que MC Poze já havia sido inocentado em outro processo similar e questionou a seletividade na ação da polícia.
— A prisão temporária não deve recair sobre o mais fraco. É preciso prender os chefes, os verdadeiros operadores do crime, e não quem está na base da estrutura criminosa — escreveu Simão.
Tumulto em frente ao presídio
Fãs do cantor se reuniram ao longo do dia nas imediações da unidade prisional para acompanhar a soltura. O clima era pacífico até a chegada do cantor Oruam, que subiu em um dos ônibus parados no trânsito, causando comoção entre os presentes. O ato levou a Polícia Militar a intervir, utilizando gás de pimenta para dispersar a multidão.
Vestido com cabelo tingido de vermelho, Oruam chegou ao local cercado por apoiadores e também se dirigiu à esposa de MC Poze, Viviane Noronha. O gesto simbolizou apoio ao funkeiro, que tem grande base de fãs nas comunidades e nas redes sociais.
A liberação de MC Poze reacende o debate sobre o limite entre liberdade de expressão artística e apologia ao crime, bem como a abordagem seletiva da segurança pública diante de artistas populares nas periferias.
Com informações O Globo